Kerry apresenta provas de uso de
armas químicas por Assad. Jornalista da AP cita grupo rebelde como autor desse
ataque
O presidente
francês, François Hollande, apressou-se ontem a ocupar o vazio deixado por
Londres junto dos Estados Unidos, afirmando que França está pronta a agir,
mesmo sem o aliado britânico, na intervenção militar contra a Síria.
Depois de o
parlamento britânico ter chumbado a proposta do primeiro-ministro, David
Cameron, de participar na intervenção militar contra o regime de Bashar
al-Assad, com 285 votos contra e 272 a favor, o secretário de Estado
norte-americano divulgava um relatório com provas de que foi o regime o
responsável pelo ataque de 21 de Agosto a um subúrbio de Damasco, que fez mais
de 1400 mortos, incluindo 426 crianças.
Kerry garantiu
que os Estados Unidos respeitam a ONU - que veio dizer que continua a não ser
possível confirmar a autoria do ataque químico - mas que tomarão "as suas
próprias decisões, com base nos seus prazos".
Segundo o
número dois da política norte-americana, as provas recolhidas junto de várias
fontes, entre elas médicos e jornalistas, mostram que pelo menos 1429 pessoas
morreram nesse ataque.
"Leiam por
vocês as provas de milhares de fontes. Isto é o que Assad fez ao seu próprio
povo. Sabemos que os rockets vieram apenas de áreas controladas pelo regime e
atingiram apenas áreas controladas pela oposição. Os serviços secretos têm alta
confiança nas informações", disse, sublinhando que os EUA vão dar uma
"resposta" militar ao "ataque com gás sarin" - agente
nervoso cuja presença foi "confirmada por testes de laboratório".
"Entrevistas
com pessoas em Damasco e Ghouta, um subúrbio da capital síria, onde a agência
humanitária Médicos sem Fronteiras diz que pelo menos 355 pessoas morreram a
semana passada no que parece ter sido um ataque com um agente neurotóxico,
parecem indicar que foram determinados rebeldes que receberam armas químicas do
chefe dos serviços secretos sauditas, o príncipe Bandar bin Sultan, os
responsáveis por esse ataque com gás."
A notícia de
Dale Gavlak não foi publicada na agência noticiosa para a qual trabalha,
levantando questões sobre a veracidade das informações.
Ao cair da
noite em Lisboa, a "Foreign Policy" avançava que a administração
norte-americana tinha conhecimento "três dias antes" do ataque que o
regime sírio estava a prepará-lo.
A autoria desta
ofensiva química continua a ser o grande ponto de interrogação na questão síria
nos últimos dias. Vários analistas questionam o timing do ataque químico pelo
regime numa altura em que Assad aparenta ter o controlo da maior parte do país
na luta contra os rebeldes, que há mais de dois anos tentam derrubar o regime.
Além disso, a
recente guerra do Iraque, com os custos humanos e financeiros que acarretou nos
últimos 12 anos, continua a ensombrar os políticos ocidentais. Esse foi um dos
argumentos apresentados pelos deputados britânicos que votaram contra a
proposta de Cameron de apoiar uma intervenção militar dos EUA na Síria.
"Sabemos
que depois de uma década de conflito, o povo americano está farto de guerra.
Mas [a acção militar contra a Síria] não terá qualquer semelhança com o
Afeganistão, o Iraque, nem sequer com a Líbia", disse Kerry no discurso.
Obama veio de seguida garantir que ainda não tomou uma decisão, mas que está a
ponderar uma "acção cirúrgica limitada" e "sem tropas no terreno".
=Jornal i=
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