Quando, segundo a crença islâmica, o anjo Gabriel
apareceu a Maomé no ano 610 e lhe revelou os primeiros versículos do Corão,
foram plantadas as sementes de uma nova fé, o islamismo, cujos seguidores
viriam conquistar um grande império.
A essência do islamismo está contida num dos
primeiros versículos do Corão, ou Qu’ran, revelado a Maomé nas montanhas
desertas perto de Meca, por volta de 610: “Em nome de Deus, o Misericordioso, o
Compassivo, diz: Deus é só um, o Deus Eterno. Ele não gerou ninguém, nem foi
gerado. Ninguém é igual a Ele.”
Maomé nasceu por volt de 570. Era árabe e
nasceu em Meca, uma cidade da arábia Ocidental. Meca, para além de ser um
centro de transacções comerciais e ponto de encontro de caravanas provenientes
das mais diversas rotas, era também o local onde se encontrava um santuário
antigo, dedicado a vários deuses, guardado pela tribo dos Quraysh. As feiras
onde os mercadores se encontravam eram realizadas sob a protecção do santuário.
O próprio Maomé pertencia a uma família de Quaraysh, os filhos de Hashim,
outrora próspera, mas que parecia estar a atravessar tempos difíceis. Ainda
jovem, casara com um mulher bastante mais velha, Cadija, de quem estava
encarregado de gerir os negócios. Assim, foi várias vezes à Síria´, integrado em
caravanas comerciais, onde terá conhecido monges cristãos com quem discutiu
questões religiosas.
Por volta de 610, Maomé acreditou ter sido
visitado pelo anjo Gabriel, que lhe ordenou que pregasse em Meca, ditando-lhe
os primeiros versículos do que viria a ser conhecido como o Corão. O facto de
se sentir escolhido por Alá levou-o a sentir-se separado dos outros,
mantendo-se apaixonadamente arreigado a essa convicção até ao fim dos seus
dias.
A mensagem era simples: existia apenas um
Deus, Alá, e só a Ele todos deviam venerar. Os homens ricos deviam ser
generosos com os pobres. Depois da morte, todas as almas seriam julgadas.
Aqueles que em vida tivessem obedecido a Deus iriam para o Céu, descrito como
um maravilhoso jardim. Aos outros estavam destinados ao fogo eterno. Os seguidores
da nova fé receberam o nome de islamitas, ou seja, aqueles que praticam o
islamismo ou submissão a Alá.
Os islamitas maometanos ou muçulmanos,
consideram que o Corão, gradualmente revelado a Maomé ao longo da sua vida,
contém as palavras exactas e inalteráveis de Alá. Foi o carácter inequívoco e
simples do islamismo comprado com a complexidade das doutrins cristãs, como a
Santíssim Trindade e a virgindade de Nossa Senhora, que o tornou tão atractivo.
Maomé abandonou a profissão de mercador e
começou a pregar, traindo um grande número de seguidores, incluindo sua mulher, o seu primo Ali e Abu Bakr e
Omar, dois membros da tribo dos Quraysh, que foram os primeiros califas, título
adoptado pelos sucessores de Maomé. Todvi, Maomé também foi objecto de violenta hostilidade por parte de partidários da antig religião, que receavam que fosse
sua intenção destruir o santuário do qual dependia a prosperidade de Meca.
A posição de Maomé na cidade era já
periclitante, quando recebeu um convite de Medina, um aglomerado populacional
localizado num oásis, 320 Km a norte de Meca. Os habitantes de Medina
encontravam-se divididos por conflitos tribais. Pediram a Maomé que, na sua
qualidade de pregador famoso e membro da tribo de elite dos Quraysh, actuasse
como árbitro.
Em 622, Maomé, Abu Bakr e 20 discípulos de Maomé
deixaram Meca, rumo a Medina. Esta migração, conhecida pelos muçulmanos como Hégira,
assinalou o início do Estado islâmico e do calendário muçulmano.
Maomé assumiu, desde logo, não apenas as
funções de árbitro, mas também de governante. A sua autoridade e administração
foram confirmadas ao serem-lhe revelados mais suras, ou capítulos, do Corão,
Maomé e os seus seguidores viram-se, então, confrontados com os seus inimigos
religiosos de Meca. Em 624 capturaram, com êxito, uma caravana de Meca em Badr,
mas Meca ripostou. Só em 630 é que os habitantes de Meca reconheceram a
autoridade de Maomé. Meca tornou-se, então, o centro da veneração e
peregrinação da nova religião.
À data da sua morte, em 632, Maomé era
aceite, numa vasta região da península Arábica, não só como profeta de Alá, mas
também como governante.
Maomé nunca pretendeu ser mais que um comum
mortal que foi escolhido por Alá para divulgar a sua mensagem. Após a sua
morte, a questão da sucessão foi debatida pelos muçulmanos com profunda
inquietação, acabando por ser Abu Bakr e o sagaz Omar a lançarem as bases da
expansão do Império Muçulmano.
Todavia, muitas tribos beduínas da Arábia,
que haviam reconhecido a autoridade de Maomé, tentaram repudiar o controlo dos
califas. Abu Bakr enviou expedições militares que rapidamente as submeteram.
Considerando que lhes devia ser proporcionada uma forma de dispenderem as suas
energias de carácter bélico, enviou os homens dessas tribos em expedições
militares contra alguns países vizinhos, nomeadamente o Iraque, a Síria e a
Palestina, regiões predominantemente agrícolas e nas quais existiam grandes
cidades.
O Iraque fazia parte do Império Persa dos
Sassânidas, ao passo que a Palestina e a Síria pertenciam ao Bizâncio. A conquista dessas regiões foi fácil. Por
volta de 638, já o Iraque e a Síria estavam nas mãos dos muçulmanos, que, em
641, conquistaram o Egipto.
Não foi preciso esperar muito para os
exércitos muçulmanos tentarem conquistar o Irão, a leste do Iraque. Por volta
de 651, morto o último dos reis sassãnidas, Yazdgard III, praticamente toda a
região que hoje compreende o Irão estava sob o domínio árabe.
O Império expandiu-se também para o
Usbequistão, sendo tomadas ss antigas cidades comerciais de Bucara e Samarcanda,
em 714, e Sinde (actualmente no Sul do Paquistão). No Norte da Síria, os Bizantinos
detiveram o avanço árabe no monte tauro, ms a expansão continuou para ocidente.
após a queda do Egipto, os Árabes deram início à conquista do Norte de África,
onde enfrentaram uma acérrim e prolongada resistênci por parte de povos nativos
berberes. No ano de 700, porém, toda a região se havia rendido. Em 711, uma
força conjunta de muçulmanos berberes e árabes invadiu a Hispânia, continuando
para França, sendo, por fim, detida pore Crlos Martel na Batalha de Poitiers.
Ao longo do século que se seguiu à morte de Maomé,
os muçulmanos conquistaram o maior império de que há notícia e que se estendia
desde o Atlântico, a ocidente, até às fronteiras da China e da Índia, oriente. Mas nem todos os povos destas
regiões se tornaram muçulmanos.
Não havia a conversão pela força, sendo
atribuído a cristãos, judeus e zoroastristas – o zoroastrismo era a religião do
antigo Império Persa – o estatuto de povos protegidos. Eram livres de praticar
as suas crenças, mas não lhes era permitido ter armas e tinham de pagar um
imposto individual. Os muçulmanos manifestaram sempre uma tendência para não se
misturarem com os povos conquistados, vivendo em cidades protegidas por
guarnições militares próprias, como Kufa e Baçorá, no Iraque, Fustat (antiga
cidade do Cairo), no Egipto, e Qayrawan, n Tunísia.
Só em 750 é que um grande número desses povos
conquistados começou a converter-se ao islamismo, que, a partir de então, se
estendeu lenta e pacificamente, a toda a região.
Em finais do século XX, o islamismo era a
religião predominante no mundo árabe, nlgumas regiões da África, Ásia, Ásia
Central, Paquistão, Malásia e Indonésia.
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