Ministro
alemão das Finanças admite, durante uma iniciativa de campanha eleitoral, que
Atenas vai precisar de mais um pacote de ajuda em 2014.
Ministro
alemão foi mais taxativo sobre nova ajuda à Grécia
A cinco semanas das eleições federais na Alemanha, o ministro
das Finanças, Wolfgang Schäuble (CDU), fez uma declaração que pode não ser
muito popular entre os eleitores alemães. Em Ahrensburg, a uns 30 km de
Hamburgo (Nordeste da Alemanha), Schäuble disse numa iniciativa de campanha que
a Grécia vai precisar de um novo pacote financeiro para lidar com a crise da
dívida.
A agência
Reuters divulgou as declarações do governante alemão ao início da tarde,
sustentando que era a primeira vez que um membro do Governo federal de Merkel
admitia um terceiro resgate para a Grécia. A Alemanha é um dos maiores credores
da Grécia.
Mas em rigor Schäuble já tinha
admitido em Julho que esse cenário seria possível. E até em 2012, pouco depois
de o Parlamento alemão aprovar o segundo pacote de ajuda à Grécia, tinha
colocado a hipótese de os gregos precisarem de mais financiamento por parte de
credores internacionais.
Schäuble não se pronunciou, porém,
sobre um eventual perdão da dívida grega, que seria o segundo. Mas já tinha dito
em Julho que rejeitava essa possibilidade. Angela Merkel disse, por seu lado,
numa entrevista publicada nesta terça-feira no jornal Ruhr
Nachrichten, que não haverá novo perdão. "Não espero um novo
perdão. Estamos a avançar passo a passo. É inquestionável que muita coisa tem
de mudar na Grécia. Mas também estamos a ver progressos e temos de o
reconhecer."
Só que desta vez, o ministro foi
mais taxativo: "Vai ser necessário um novo programa [de ajuda] para a
Grécia. Eles [os gregos] ainda não ultrapassaram as dificuldades." E isto
numa altura em que o país começa a concentrar-se em questões políticas internas
e externas, devido ao debate que aquece para as eleições alemãs, marcadas para
22 de Setembro.
Os partidos da coligação
governamental, CDU e FDP, têm-se centrado mais em questões internas e a crise
da dívida europeia e do euro – que fez a Alemanha poupar 41 mil milhões de euros com a gestão da sua própria dívida –
não tem merecido muito empenho, frisa a edição online do Der
Spiegel. O mesmo site cita um documento do banco central alemão no
qual já se toma como "necessário em qualquer caso" um novo empréstimo
internacional à Grécia, o mais tardar no início de 2014.
Em Atenas, fonte do ministério
grego das finanças declarou à Reuters que um novo empréstimo teria como
objectivo cobrir o período 2014-2016. "A Grécia e os seus credores estão a
estudar várias maneiras de tapar qualquer buraco financeiro que o país possa
enfrentar nos próximos anos", disse a mesma fonte não identificada pela
agência. Uma das medidas, especifica a Reuters, poderia passar pela utilização
de fundos remanescentes de programas de apoio à banca.
Amanhã é esperado na capital grega
Jorg Asmussen, membro da direcção do BCE, que deve deslocar-se a Atenas para se
inteirar do andamento das reformas que o país tem de pôr em prática como
contrapartida pelo financiamento oriundo da troika.
A Grécia recebeu 5800 milhões de
euros em Julho e espera receber mais 1000 milhões em Outubro, ao abrigo do
segundo empréstimo da troika. Mas este montante só
será desbloqueado se os membros da troika (FMI, BCE e Comissão Europeia),
que visitam Atenas no Outono, considerarem cumpridas as condições impostas ao
país, e que passam por medidas de poupança e de austeridade – defendida sempre
pela administração alemã liderada pela CDU de Angela Merkel.
=Público/Economia=
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