Ao fim de sete anos de investigação às luvas do negócio dos dois submarinos
comprados por Paulo Portas, três administradores da empresa Escom foram
constituídos arguidos. A empresa diz ter agido com a concordância do grupo
liderado por Ricardo Salgado.
Ao fim
de sete anos, a justiça já suspeita de quem terá pago as luvas do negócio dos
submarinos alemães, mas ainda falta descobrir quem as terá recebido...
O destino dos 30 milhões de euros pagos à Escom pelo consórcio alemão que
vendeu os submarinos a Portugal ainda não foi apurado pela justiça portuguesa,
mas a investigação já fez três arguidos, noticia esta quarta-feira o jornal i.
Helder Bataglia, Luís Horta e Costa e Pedro Ferreira Neto são os primeiros
arguidos deste processo aberto a partir das escutas telefónicas do processo
Portucale. Nas conversações e documentos apreendidos, os investigadores
encontraram indícios de acordos entre Luís Horta e Costa, então presidente da
Escom, com Paulo Portas e Abel Pinheiro, o responsável financeiro do CDS. Horta
e Costa e Abel Pinheiro também foram acusados no caso dos sobreiros na herdade
dos Espírito Santo.
A suspeita do pagamento de comissões a políticos com intervenção no negócio
esteve na origem da investigação que se tem prolongado no tempo. A justiça
alemã já julgou e condenou alguns administradores do consórcio da Ferrostaal,
por corrupção na venda de submarinos a Portugal e à Grécia. Os três arguidos da
Escom estão indiciados por crimes de corrupção ativa, tráfico de influências e
branqueamento de capitais.
O jornal i adianta que a Procuradoria de Munique enviou em 2010 um email às
procuradoras Carla Dias e Auristela Pereira a alertar para pagamentos à empresa
Escom UK, também do universo do Grupo Espírito Santo. "Temos a suspeita de
que esses pagamentos terão sido corruptos", dizia, os invetigadores
alemães.
Escom diz que o Grupo Espírito Santo estava a par de
tudo
Do lado da Escom, a reação surgiu em forma de comunicado a negar qualquer
ilegalidade do negócio e a garantir que a empresa agiu sempre com "o total
conhecimento e concordância dos seus então acionistas", onde se destacava
o Grupo liderado por Ricardo Salgado com 75% do capital, antes de vender a sua
participação à Sonangol, noutro negócio que está a ser investigado pela
justiça.
As ligações entre o CDS e o Grupo Espírito Santo ficaram bem explícitas nas
conversas mantidas entre o presidente da Escom e o tesoureiro do partido e o
depósito de um milhão de euros numa conta do CDS no BES nos últimos dias de
2004 voltou a levantar suspeitas. Para justificar esse valor, o partido emitiu
recibos com nomes notoriamente falsos, fazendo-os passar como donativos de
supostos apoiantes.
A investigação na Alemanha permitiu concluir que foram pagos 62 milhões em
luvas pela Ferrostaal a portugueses e gregos. Na Grécia, o então ministro da
Defesa Akis Tsochatzopoulos, que adquiriu quatro submarinos, foi detido no ano
passado por suspeita de corrupção e acabou condenado por fraude fiscal por
ocultar a sua riqueza ao fisco. Em Portugal, sete anos depois do início da
investigalçao, foram agora constituídos os primeiros arguidos, mas
aparentemente ninguém consegue descobrir a identidade dos responsáveis que
receberam as luvas milionárias da empresa alemã para um mais um negócio ruinoso
de material militar.
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