O secretário de Estado do Tesouro, Joaquim
Pais Jorge, afirmou esta sexta-feira que mantém o apoio da ministra das Finanças
após notícias dando conta da tentativa de venda pelo Citigroup ao Estado de
swaps para baixar artificialmente o défice.
Questionado pelos jornalistas no briefing
regular do Governo, o responsável diz que discutiu com Maria Luís Albuquerque a
notícia publicada esta quinta-feira pela revista Visão, mas que esta renovou a
confiança em si e que assim se sente em condições de continuar no Governo.
"Se considero que tenho condições
políticas para continuar, o que posso responder é que obviamente perante as
notícias saídas ontem [quinta-feira], obviamente que discuti com a senhora
ministra o artigo em causa e uma vez que mantenho o seu apoio, penso que tenho
as condições necessárias para o exercer [o cargo de secretário de Estado do
Tesouro]", afirmou.
O governante, que tomou posse há cerca de um
mês, diz que Maria Luís Albuquerque conhecia o seu percurso quando o nomeou.
Joaquim Pais Jorge recusou responsabilidades
na tentativa de venda pelo Citigroup deste tipo de swaps, dizendo que não se
lembra se esteve na apresentação da proposta.
O governante começou por dizer que trabalhou
para o Citibank Coverage, parte do Citigroup, exerceu funções na área da
relação com os clientes do banco e que "a conceção, elaboração ou
negociação de produtos derivados" nunca foram da sua competência.
Como tal, o governante diz que as notícias -
em primeiro lugar da revista "Visão" - que indicavam a sua
participação nesta sugestão correspondem a uma leitura "imprópria e
abusiva".
No entanto, quando questionado pelos
jornalistas sobre se teve responsabilidades na sugestão ou apresentação aos
clientes das propostas ou dos responsáveis do banco com estas propostas, o
secretário de Estado do Tesouro deu explicações diversas, dizendo primeiro que
não podia evidenciar que esteve na apresentação, e de seguida que não se
lembrava se tinha estado na mesma.
Questionado se a apresentação aconteceu,
respondeu que não podia confirmar, porque afinal já não teria estado na mesma
apresentação, apesar de instantes antes dizer que não se lembrava se tinha
estado ou não, acabando finalmente por admitir que a apresentação tenha
existido, quando confrontado com o documento em suporte físico.
"Não posso evidenciar que tenha estado
sequer nessa apresentação. (...) Não me lembro se estive. (...) Não posso
confirmar [se a apresentação aconteceu], se eu não estive lá. (...) Admito que
de facto a apresentação existiu, uma vez que consta dos ficheiros do IGCP, mas
não tenho responsabilidade na elaboração dessa proposta, nem na sua
negociação", afirmou.
"Em concreto em relação ao Governo, ao
gabinete do senhor primeiro-ministro não. Como expliquei participava em
dezenas, porventura até uma centena de reuniões por ano, em muitas da situações
era-me pedida essa colaboração em cima da hora e portanto não consigo precisar
todas as apresentações onde tive presente", referiu.
"Gostaria de salientar que de facto
essas apresentações foram sempre elaboradas por equipas de especialistas, sem o
meu contributo ou a minha apreciação", adiantou Pais Jorge.
O responsável admite ter tido reuniões no
IGCP, mas diz não se lembrar do tema das centenas de reuniões onde participou,
e repete a mesma defesa: "em relação a esta proposta em concreto" não
teve "qualquer responsabilidade na sua elaboração, nem na sua apresentação".
"Se por acaso tivesse tido havido uma
negociação também não teria alguma coisa a ver com a sua negociação",
disse.
Questionado várias vezes se teve
responsabilidade na apresentação da proposta aos clientes em Portugal, ou mesmo
se não sabia que tipo de negócios estava a intermediar, Joaquim Pais Jorge não
foi capaz de esclarecer o seu envolvimento.
O briefing do Governo devia ser naturalmente
em "on" e em "off" para os jornalistas, prometendo todos os
esclarecimentos, mas foi imposto um limite de apenas três perguntas para o
governante.
Este acabou por aceitar mais
algumas perguntas, mas com o secretário de Estado adjunto do ministro Adjunto e
do Desenvolvimento Regional, Pedro Lomba, a fazer sinal para pedir o fim das
perguntas.
=Jornal de Notícias=
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