Como é que a mente escolhe o que quer recordar?
A memória a curto prazo ou memória recente,
tem sido comparada com uma folha de bloco em que fazemos uma conta ou anotamos
um telefone: guardamos os pormenores na mente apenas durante o tempo necessário
pra resolver um assunto.
Imediatamente a seguir, as imagens, as datas,
os acontecimentos registados, se assim o quisermos ou nos convier, “apagam-se”.
Para que algo entre na memória de longo
prazo, ou memória tardia – e possa ser recordado dias ou meses, ou anos mais
tarde – a sua imagem tem de atravessar o que os psiquiatras e psicólogos chamam
“o guarda-portão da meória”, isto é, tem de receber um atenção particular.
A senhora ministra das Finanças falou e
disse, que aquele ex-secretário de Estado do Tesouro “sofria de perdas de
memória graves”, o que afinal acontece com o actual, Joaquim Pais Jorge, segundo ele próprio
afirmou na Comissão de Inquérito sobre as “swap” na Assembleia da República.
Algo que seja novidade, ruidoso, admirável,
horroroso ou de especial interesse, chama a nossa atenção e pode, a seguir,
ficar registado na nossa memória.
Através de associações com recordações com
outros acontecimentos de que nos lembramos, fazem-se novos registos no cérebro
e a nossa experiência enriquece-se.
O mesmo que agora aconteceu com Joaquim Pais
Jorge acontecera já com o caso BPN, no
qual todos os implicados de nada ou muito pouco se recordavam, nada de
essencial, é verdade, levando sobretudo dois deputados a exercer um trabalho
exaustivo, Nuno Melo e Honório Novo, do CDS e do PCP respectivamente.
Mas, nenhum deles faz parte da actual CI, para
que, pelo menos, nos pudessemos divertir um bom bocado, como aconteceu então, e
apesar de sua tenacidade, nada conseguiram.
Há, entre os especialistas os que pensam que
as memórias de longo prazo nunca se perdem. Defendo essa tese. Infelizmente,
isto não significa que possamos lembrar um nome, uma cara. Mas um facto ou um
número sempre que o queiramos, recordámo-los, pela simples razão de, no passado
recente termos tido deles um recordação firme.
As provas de conservação da memória de longo
prazo baseiam-se em estudos de pessoas vítimas de acidentes vasculares
cerebrais ou ataques epilépticos.
Estes acidentes provocam, por vezes, uma
torrente de lembranças pormenorizadas do passado distante, aparentemente
esquecidas.
Uma mulher idosa referida pelo neurologista
Oliver Sacks acordou de um sonho “musical” e não foi capaz de apagar a música
depois de acordada.
No caso em apreço, dos swap, preferem dar-nos
música, mas também fazer-nos pagar pelas porcarias feitas por outros, que agora
pretendem imputar a Sócrates e apenas a ele, quando o mal j´vem de longe.
Nunca fui adepto de Sócrates, mas sinto o
dever de o “defender” após ter tomado conhecimento do que aconteceu com Joaquim
Pais Jorge que bem merecia, juntamente com a senhora ministra das Finanças
engrossar as filas dos desempregados.
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