Será que não vêdes o que se passa em
Portugal? Será que não vêdes que alguém que se encontra preso, não por ter ido
à missa duas vezes, se pode candidatar à Assembleia Municipal de Oeiras?
Como sois, Senhor, omnipotente e
omnipresente, como vos pode passar em branco semelhante barbaridade da lei ou
da justiça em Portugal?
Francamente, Senhor, que por vezes não
compreendo nem a justiça portuguesa nem a Vossa, que dais a entender nada
ligardes a tudo quanto se passa neste canto europeu chamado Portugal.
O senhor Isaltino de Morais foi condenado a
dois anos de prisão efectiva, depois de ver a sua pena reduzida, graças aos
recursos apresentados nos tribunais. Caso de justiça, direis Vós, Senhor, de
justiça dos homens. Mas, e Vós, Senhor?
Permitis que quem foi julgado e condenado,
que esteja a cumprir a pena a que um tribunal o condenou depois de todos os
tais recursos a que os pobres não têm direito, por falta de possibilidades
económicas, que se cometam todas as injustiças na Terra, especialmente nesta
país?
Quem, de entre todos nós, pecadores, poderá
continuar a acreditar em todas as Instituições Nacionais se conseguir levar a
dele avante?
Será que não vêdes que é por causa deste e de
outros “senhores”, que nos roubam até à medula óssea, que nos limitamos a
miserar pelo mundo lusitano?
Francamente, Senhor, e sem pretender
ofender-Vos, jamais acreditaria em semelhante coisa se não lesse, se não
ouvisse e se não visse tudo quanto hoje se passa neste país.
Esperava que Vós, quando falha a justiça
humana, tomasseis uma posição que mostrasse a todos que todos somos Vossos
filhos e dignos do mesmo tratamento.
Como sei que é grande o Mundo e que muito
tendes a fazer, vou ficar-me por aqui, esperando que façais alguma coisa que
demonstre a todos os juízes o quão errados estão, se esse senhor puder levar a
dele avante desde o interior de uma cadeia.
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