Todo o político que se desencaminha não pode
brincar às escondidas por muito tempo. Talvez consiga fazê-lo durante alguns
dias, meses ou té anos, mas acabar´necessariamente por se trair, ou ser traído.
Basta somente ficar atento a alguns sinais,
quase imperceptíveis, mas que, tudo considerado, desvendem os segredos mais
ciosamente guardados, aqueles que se tem a firme disposição de jamais confessar,
que se negará, mesmo contra qualquer evidência, aí incluída a evidência do flagrante
delito.
O político mente, sobretudo naquilo que
promete à cidadania que vive ansiosamente a pensar numa forma de vida melhor
para si e os seus, para todos os cidadãos do país, especialmente aqueles que nunca saíram de uma mediania miserável a que são sujeitos devido ao egoísmo de
governantes que nunca pensaram cumprir as promessas solenemente feitas em
campanha.
Existirá algum mistério em tudo isso? Se
mistério existe, não é necessariamente de ordem sentimental, mas de ordem moral
e social. E mesmo que fosse sentimental, sendo-o de certa forma, apesar de
tudo, não se deveria concluir, sem discernimento que pela sua culpabilidade,
que a todo o instante poderá ser provada.
Os sinais de que falo, quase imperceptíveis a
“olho nu” para os cidadãos mais perspicazes, que facilmente os interpretam, a
vida política é, geralmente, tão “limitada”,
que, nela, cada um fiscaliza todos os demais.
Começa-se, pois, a ter a impressão confusa de
que “algo não vai bem”. Essa impressão configura-se, confirma-se. E, um belo
dia, diz-se que o Pedro faz demasiadas cedências a Paulo e que o que este diz,
como a “irrevogabilidade” da sua atitude, da sua ideia expressa na carta.., não
passam de pura chantagem para obter mais poderes e cada vez um maior número de
ministros, em pastas consideradas chave.
Alguns dos seus acólitos, sem perceberem o que realmente pretende, dedicam-se a
exprimir opiniões falsas, cegos pela hipótese de perderem o poder antes obtido,
não se apercebem das derivas políticas do seu próprio partido, enquanto o
Pedro, vendo fugir-lhe o terreno de sob os pés, cede estrategicamente a tudo o
imposto pelo Paulo, ocupando, todavia, o espaço político que lhe pertencia,
obrigando-o a recuar.
Mas, também o Paulo, apesar da sua matreirice
não se apercebe de um bom punhado de sinais! A tomá-los isoladamente, talvez não
se mostrem alarmantes: “crise de mau humor, inadaptação passageira a uma certa
confusão, procura de novo equilíbrio.”
Mas, eis senão que, de Belém surgem atitudes premeditadas
e longamente “pesadas”, porque o que importa de momento é manter o poder a todo
o custo, sabendo que essas crises se manterão ciclicamente, esses altos e
baixos que se atribuem falsamente `s oposições e a uma falta de patriotismo que
não existe, uma verdadeira intermitência
E tudo parece acalmar e voltar à normalidade,
um normalidade mais que podre, que leva os mais incautos a pensar que tudo se
deve a uma expressão de uma perturbação subjacente e profunda, grave,
essencial.
Trata-se, no fundo, de uma demonstração cabal
da impreparação de um governo formado e baseado nas mentiras proferidas
anteriormente e que, depois, passado o primeiro estupor, se interrogarão,
buscarão uma solução, um remédio de urgência, drástico, heróico.
Lembrar-se-ão de todos os sinais, que
deveriam ter sido outras tantas advertências. Procurarão interpretá-los,
discernis quando, exactamente e como tudo começou, qual será a su provável
evolução e desesperarão. Pior que isso: “talvez de Belém surja uma certa
cólera, com murros sobre a mesa e gritos de fazer tremer as vidraças, e seja
assumida uma daquelas atitudes de dor surribada, com o que, infelizmente, de
maneira nenhuma obterá o efeito esperado.
Entretanto, o povo tudo vai pagando e sem tudo
vai ficando!
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