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terça-feira, 6 de agosto de 2013

«O VALOR MENTAL DO HOMEM»

O esforço que se exige do jovem e depois do homem, não provém exclusivamente da inteligência, embora, sem dúvida, seja dela que depende principalmente.

Mas o mental ultrapassa o intelectual, e de muito. É assim que, por exemplo, se as humanidades preparam o homem, e o homem integral, exigem singular dose de vontade.

Será de espantar que assim seja, se se lembra que o esforço exigido é longo, monótono e muito acima daquele que um espírito mediano pode fornecer? E julga-se que mesmo a vontade baste para isso? Não será preciso juntar-lhes uma porção de “dons”, de “gostos”, de disposições naturais?

Por exemplo: uma certa seriedade de espírito,maturidade de julgamento, ponderação.

Analisar em profundidade só está ao alcance de poucos; perceber as relações das palavras entre si; discernir as relações que existem entre os membros das frases ou das proposições; perceber o equilíbrio de uma obra ou de um conjunto de obras – tudo isso supõe uma capacidade de julgamento acima do comum e disposições bastante raras.

Támbém, observemos que não se trata de pequena narração, em língua vulgar, de um conto ou de uma fábula, por exemplo, mas de uma obra-prima do pensamento grego ou romano, em que é preciso, pelo menos, reconhecer um grande rigor nas ideias e um não sei quê de abrupto a forma.

Só  inteligência não bastará a quem pretende assimilar-se delas. Sem vontade e sem perseverança jamais o conseguirá.

É por isso, também, que é necessário o “gosto”,uma certa disposição “artística, uma espécie de emotividade muito especial, uma acentuada sensibilidade às nuances.

Não adquire isso quem quer. De minha parte, faço os melhores votos para quem, destituído desses dons, tentasse compreender.

Virgílio e Homero, Cícero e Demóstenes, Lucrécio e Platão. O que entenderiam disso os espíritos medíocres, se alguma vez o tentassem?

Julgarão enfadonho e rebarbativo o que excede o seu esforço, e conhecerão a pior das estagnações: a do seu tédio.

Finalmente, para um bom curso de humanidades é preciso também memória acima do comum;  memória tenaz para registar o vocabulário e a gramtica de duas línguas que nunca se usam na vida diária, e cujos elementos não foram aprendidos na pequena infância. Essas línguas, praticamente, só servem em razão do seu valor intrínseco de formação e disciplina mentais.


 Espíritos, a “mentalidades” medíocres, La Fontaine, Racine, Molière, Bossuet, Bourdaloue oferecem dificuldade bastante e suficiente iniciação intelectual. Que somente a elite pretenda mais!

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