Há muitas frases anedóticas que expressam bem
a “incompetência” dos governos. O americano Milton Friedman, vencedor do Prémio
Nobel da Economia em 1976, afirmava: “Se o governo administrar o deserto do
Saara, em cinco anos areia desaparece.
Houve alguém que, não muito antes
prognosticou: “se o governo comprar um circo, não só o anão crescerá como os
cavalos se transformarão em pessoas!”.
Em recentes manifestações sociais, as
reivindicações foram difusas, embora tivessem como pano de fundo a péssima
qualidade dos serviços públicos que são caros (saúde, educação, segurança e
mobilidade urbana e, imagine-se, laboral), face à elevadíssima carga tributária e
à altíssima corrupção.
Decorridos dois anos do início das
mobilizações, poucas, ou nenhumas, foram as respostas efectivas.
O presidente da República, tal como ainda ontem aconteceu, surge nas
televisões “cantando-nos” umas baladas tentando, em conjunto com o governo, que
voltemos a adormecer profundamente, como essa história de o “primeiro-ministro
voltou a garntir-me que a senhora doutor está inocente e que o governo está
mais coeso que nunca.”
De certo modo e à sua maneira, tentou que
acreditassemos que as melhores saladas são as mistas, compostas por pepino,
tomates e alface, feitas pelos governantes que se não poupam a esforços para
apresentar propostas inconstitucionais que ele promulgará e talvez se digne,
depois solicitar ao Tribunal Constitucional uma vigilância sucessiva.
O mesmo acontecerá com a tal reforma do
Estado, que obrigará a mexer uma vez mais na Constituição, ou talvez não, quem
sabe?, e, posteriormente sugerir temas óbvios mas nunca um plebiscito, nem que seja do tipo relâmpago. Além disso,
propôem, governo e presidente, pactos de “União Nacional” que, penso, jamais se
consumarão.
Há quem sinta horror às consultas populares,
havendo imensas perguntas em relação às quais a esmagadora maioria dos
portugueses gostaria de responder “sim” ou “não”. Sonho..?
Pessoalmente, apostaria no “Sim” em várias
situações, como: redução do número de deputados, diminuição no número dos
assessores, nos dias de férias para os políticos em geral e várias instituições
e também na votação imediata de projectos de lei relativos ao combate à
corrupção, metidos numa ou em várias gavetas bem profundas.
Redução para 1/3, ou menos, dos gastos com
publicidde, ou propaganda no país, melhor articulação entre os municípios e os
munícipes, proibição do uso de recursos públicos ou de isenções par quem
apresenta as propagandas partidárias, repetidas irritantemente nos horários
ditos nobres.
Por outro lado, penso que surgiria um “Não”
sonoro às propostas que implicam dar mais dinheiro aos caciques políticos, que
deveriam estar automaticamente excluídos de se candidatarem a câmaras municipais
e até à Câmara dos deputados…
Plebiscito à parte, a mentirazinha faz
lembrar um historiador, que imaginava como artigo principal da Constituição o
dispositivo: “Todo o português deve ter vergonha na cara” Ao contrário, alguns
dos nossos deputados devem colocar cremes que dêem lustro aos rostos, mas sem
auferirem,para tal, de um verba indemnizatória.
Enfim, como as autoridades – por incompetência
e ou conveniência – continuam a fazer vista-grossa às reais demandas da
sociedade, os protestos irão, certamente, continuar.
O que os governantes não percebem é que o
anão do circo cresceu e que, cavalos e camelos se tornaram efectivamente
pessoas, que à custa dos mais pobres, irão passar férias para o Algarve.
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