Decorria a tarde quente do dia 1 de Julho do ano de graça de 2013 quando,
subitamente, nas televisões cai a notícia de que, através de uma carta dirigida ao
primeiro-ministro, Vitor Gaspar anunciava a sua demissão de forma irredutível.
Diz o povo que “às três é de vez”, e assim aconteceu como mais tarde anunciaram.
Passado algum tempo, cerca de duas horas, foi anunciado que graças à pronta
reacção do primeiro-ministro, já havia sucessor ao lugar, na pessoa de Maria
Luís Albuquerque, até então Secretária de Estado do Tesouro no Ministério das
Finanças.
E, precisamente aquela pessoa que sempre negou na “passagem de testemunho”
entre o anterior governo e o actual se tivesse falado nas “swap”, chegando
alguns políticos falar sobre a sua
estadia na Refer, onde “swapar” era também moda corrente.
Muitas extrapolações foram equacionadas, muitos comentários foram feitos,
muitas opiniões ouvidas e, na maioria dos casos, de forma menos airosa para a
dita senhora que, mais logo, pelas 17 horas, tomará posse como ministra perante
o presidente da República.
Há tempos falou-se da forma como se exprimia o demissionário, de forma tão
pausada que chegava a dar arrepios, afirmando alguns que essa mesma forma não
podia ser lá muito saudável.
O que se torna estranho é o modo como tudo se desenrolou nos últimos dias:
Teixeira dos Santos, antigo ministro das finanças do governo liderado por
Sócrates proferiu algumas afirmações que, como é natural, não caíram bem no
seio do governo; e logo a senhora reagiu, enquanto o senhor Gaspar se manteve
silencioso, demasiado silencioso quanto a mim.
Será que terá tido uma conversa com o senhor Pedro, que lhe dizia par
reagir de forma similar à da senhora e ele se negou, por não corresponder à
verdade? E, assim sendo, está-se mesmo a “ouvir” o senhor Pedro dizer-lhe estar
na hora de apresentar, uma vez mais, a sua demissão, pois desta vez seria
atendido..?
Até porque, a saída do senhor Vitor acontece numa fase em que o défice das
contas públicas se situa nos 10,6% no primeiro trimestre do ano corrente e
quando é preparado o trabalho sobre a reforma do Estado, que não tem sido nada
pacífico e jamais o será se não arrepiarem caminho, e sobretudo tendo-se
aumentado a polémica sobre as tais “swaps”.
Ora, o estrondoso silêncio quer do primeiro-ministro quer do presidente da
República podem ser indiciadores de muita coisa que só o tempo e a história nos
divulgarão, mas que, como cidadãos eleitores, deveríamos saber clara e
concretamente tudo quanto aconteceu e acontece no país, mas que, como sempre
nos negam quer de Belém quer de S. Bento, pois somos apenas e tão somente
cidadãos numerados, isto é, cidadãos/números deste maravilhoso jardim `beira
mar plantado.
Mas também se falou, e muito, das cedências de Crato aos professores, como
se falou também da greve do dia 27 de Junho, na qual as duas Centrais Sindicais
se uniram, dando ao governo uma amostra do que pode acontecer com uma unidade
sindical séria.
Como é de estranhar que, da equipa do senhor Vitor, só tenha ficado a
senhora e pouco mais, que todos os outros tenham sido mandados às urtigas
mesmo em altura de crise.
Também se falou do actual ministro Poiares Maduro, embora de modo
superficial, como aliás convém de momento.
Mas, alegrem-se os corações dos portugueses, pois a presença de uma senhora
é bem mais agradável que a de qualquer homem, devendo, todavia, ter-se em conta
que no que diz respeito a questões económicas e financeiras elas são sempre
mais unhas de fome que eles.
Gostaria de aconselhar aos senhores deputados que se deixem de tantas
Comissões de Inquérito na Assembleia da República, que servem apenas para
acabar com as dúvidas mas deixando tudo como antes.
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