Dirijo-me uma vez mais à senhora presidente
da Assembleia da República que, no dia de ontem se deixou arrastar pelo nervoso
miudinho que tomou conta de muitos deputados, após a “curiosa” intervenção do
presidente da República.
A senhora pretendeu, na sua exaltação um
tanto histeriforme – nem sei como não ficou rouca – para com os manifestantes,
chegando mesmo a invocar, juro que não sei a que propósito, designando aqueles
que se manifestavam na Casa da Democracia, ou que deveria sê-lo, chamando-os de
carrascos quando, afinal, não passam de vítimas da soberba e da arrogância dos
políticos como a senhora.
Pretendeu mostrar parte, só pode ser uma
parte da sua erudição, invocando Simone de Beauvoir, e saiba Deus a que
propósito, pois como antes digo aquelas e muitas mais pessoas, para além de não
deverem ser expulsas, porque simples vítimas de quem deveria zelar pelos seus
interesses, se dedica a torná-las meras vítimas das péssimas políticas e dos
péssimos políticos que se fazem eleger, credulamente, para depois defenderem
apenas os seus interesses e das empresas onde acumulam, fazendo parir leis que
os protegem e protegem também os interesses dessas empresas.
Tenho a certeza de que se a Simone de
Beauvoir a tivesse ouvido, se tivesse assistido à tal cena um tanto
histeriforme a teria repreendido severamente e, como se tratava de uma senhora
irascível, pudesse chegar a vias de facto e proibi-la de invocar o seu nome em
vão.
Mas, falemos de “carrascos!”, que foi a sua
escolha, talvez um tanto precipitadamente, porque conseguiu apenas inverter os
papéis, já que as pessoas que se manifestaram na sua – delas – Casa – não vossa
– como também antes digo, não passam de vítimas das vossas vontades e dos
vossos interesses.
Considerará a senhora carrascos quem está n
eminência de perder o emprego, de ser despedido “amigavelmente” – e por favor
não me faça rir e queira solicitar ao senhor Rosalino que modere os seus
ímpetos, já que foi logo de seguida a uma sua “investida” que tudo se desencadeou,
qundo lhe foi dito que após o discurso do presidente da República o actual
governo está praticamente em mera gestão.
Repare, prezada senhora que, a haver algum
carrasco que tenha sobrado dos tempos da Pide e da ditadura, não poderia, de
modo algum, situar-se entre os manifestantes, que se limitavam a tentar
defender o seu ganha-pão, enquanto deputados, certos deputados e membros do
governo se divertem a arranjar mais uns lugares no desemprego para esses “carrascos”.
Saiu-se muito mal com essa citação de Simone
de Beauvoir, e pior se saiu quando se
exaltou ao ponto de “berrar”, de perder as estribeiras, ou seja, de perder o
controlo de si mesma.
Onde prará o pragmatismo que se exige todos os políticos, toda a fleuma de que
necessitam para enfrentarem momentos como os que ontem se desenrolaram na Casa
da Democracia Nacional?
Ah! De modo algum quero deixar de lembrar que
para a formação de um Governo de Salvação Nacional, tal como aconteceu aquando
do Valoroso Movimento das Forças Armadas na gloriosa Alvorada do dia 25 de
Abril de 1974, foi formado um Governo de Salvação Nacional do qual faziam parte
os partidos que hoje não são considerados do “arco da governabilidade”. Ou
seja, o Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda que, além de poderem dar
forte contributo à Nação, podem evitar que haja a agitação social de que não
gostam nada, referindo-me à senhora e seus pares, como também já o afirmaram altos
quadros do PS, nomeadamente Alberto Martins e António Costa.
Um governo de Salvação Nacional sem a
integração dessas duas forças políticas, será sempre suicidário, mas também
causa de preocupação social que, nas ruas demonstrarão todo o seu
descontentamento e até repugnância, o que causará uma forte fractura da
sociedade portuguesa.
E, se puder evitar perder a tramontana como
ontem aconteceu sem ter de tomr qualquer calmante, será o melhor para a
senhora, pois a calma e sua manutenção é a melhor arma de defesa para qualquer
ser humano e, uma vez que colocou em prática uma citação dessa senhora
francesa, deveria pedir desculpas aos ofendidos, pois que se saiba, Portugal
ainda consta como pertencendo aos portugueses.
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