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terça-feira, 2 de julho de 2013

«NÃO, SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA!»

O próprio presidente da República deve, em determinadas circunstâncias, ter o rasgo pessoal de, ouvido o Conselho de Estado, dissolver a Assembleia da República e devolver a palavra ao povo português.

Ora, que o senhor presidente da República tenha horror a eleições antecipadas, sobretudo tratando-se de um governo da sua cor, a ele próprio e apenas diz respeito, não devendo manter a confiança política numa coligação que está mais que podre.

Fala-se hoje das “swaps” como quem fala do pão que falta às crianças e aos velhos deste país, diz-se ser necessário acabar com isso, como se falou das fundações e das PPP, mas tudo se mantém impunemente.

Do modo como está a exercer o seu último mandato de presidente da República portuguesa, o senhor quase se limita ao exercício dos seus já famosos “tabus”, a discursar por exemplo na PSP no seu Dia, colocar uma condecoração na bandeira, ou, então, a promulgar documentos que teria negado ao anterior governo.

Aliás, o cinismo com o qual anunciou, segundo o seu pensamento, de que todos os partidos podem apresentar uma moção de censura na Casa da Democracia Portugesa, sabendo que já foram apresentadas, demonstra mais que bem qual o verdadeiro sentido pretendido tão cinicamente.

Sabe que, acima de tudo, existe uma coligação que, apesar de podre, funciona, se bem que mal,  sobretudo quando o perigo da derrocada ronda as hostes dos partidos que a compõem, o que tem feito com que sejam praticadas políticas erradas e conducentes à miséria e à fome de milhares de portugueses que, quanto às causas da actual crise, estão como Pilatos no Credo, sem que isso o incomode minimamente.

Ainda cinicamente fala dos termos da Constituição, e de modo algum afirmo que a desconhece, pelo que sou obrigado a fazer-lhe ver que, “nos termos da Constituição e de defesa dos direitos da cidadania nacional”, tem a obrigação de tomar a iniciativa, ouvido o Conselho de Estado, é certo, de dissolver a dita Assembleia da República e convocar eleições antecipadas, isto é, devolver a palavra ao povo português, o único que mantém intacta a sua soberania.

Ninguém lhe solicita que olhe para o que se passa nas ruas das cidades do país, onde também, nos termos da Constituição se manifesta o povo contra a  tirania e a falta de saber de um governo que, a cada dia que passa, perde a legitimidade de continuar a sê-lo.

O senhor tem olhos e ouvidos, que vêm e ouvem o que fazem e dizem as pessoas que desfilam gritando slogans que definem bem a realidade do que é a vida da sociedade nacional actual. E sabe também que a culpa da actual crise de modo algum se pode imputar ao povo, a esse povo martirizado pelas políticas de austeridade postas diariamente em prática.

Se prefere manter o seu cinismo, apelando, no actual contexto às moções de censura, mesmo sabendo da antecipada derrota devido à distorção feita pelos deputados, a maioria dos deputados da nação, no seio dos quais grassa a corrupção segundo dizem alguns professores universitários, mas que o senhor prefere não dar ouvidos também a esses bons conhecedores do que realmente se passa, não deverá estranhar nem levar a mal que haja que peça também a sua demissão, uma vez que em vez de mostrar toda  imparcialidade que deveria guiá-lo na sua missão.


Por isso, senhor presidente, não estranhe que também eu diga aqui e agora que se não quer compreender as ansiedades do povo português, mais que legítimas, e porque não pode ser alvo de qualquer moção de censura, lhe rogue solenemente que se demita.

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