Desde há muito tempo que os debates entre os
deputados e os ministros atingiram um tal grau de indigência intelectual, que
dá vontade de encerrar a Assembleia da República.
Todavia, hoje mais que nunca, talvez porque
vêm, com a reaproximação entre Portas e Passos Coelho, reaproximação que
custará demasiado caro à nação e ao próprio PSD, existe uma certa euforia nas
bancadas dos partidos que compõem a actual maioria, que mete dó, que causa
náuseas ao mais pintado.
Já há dias, quando um grupo de velhas pessoas,
na galeria do hemiciclo, demonstrou a também indigência da presidente, Assunção
Esteves, quando decidiram no mais profundo silêncio virar as costas ao
plenário.
Clara e pausadamente, a presidente
interrompeu o orador, actual primeiro-ministro, para mandar expulsar aquelas
velhas pessoas pelo facto de terem virado as costas às costas dos deputados.
Tratou-se de mais um espectáculo triste e degradante,
já que aquela casa é designada por Casa da Democracia, logo do povo, pelo povo
e para o povo, mas que a senhora presidente não entende desse modo, decidindo
mandá-los expulsar pelos membros da autoridade ali presentes.
Como ainda não compreendi essa atitude, que
degrada cada vez mais a Instituição e os costumes, fico admirado como se pode
manter em funções, sem que haja quem a advirta da realidade.
Será que a postura, costas viradas contra as
costas dos deputados, mas contra a sua cara a ofendeu?
Se numa casa que lhes pertence, que é sua por
direito, e em silêncio – o que não fazia perigar, portanto, os trabalhos dos ocupantes
do anfiteatro – deputados da nação eleitos também por aquelas velhas pessoas –
com toda a franqueza que já não compreendo como deverá comportar-se qualquer
pessoa que ali vai assistir, ouvir!, o que dizem os deputados que se arvoram em
representantes do povo e dedicam o seu tempo a defender os seus interesses
partidários e corporativistas, como os seus interesses pessoais.
Quem não tem capacidade para o desempenho de
um cargo, deve estar disso consciente e deixá-lo, par que venha alguém que
saiba o que fazer em determinados casos.
Compreenderia que se fizessem barulho fossem
advertidos e mandados calar-se, se batessem com os pés a mesma coisa, se
cantassem também, mas jamais mandar expulsar qualquer cidadão por se
manifestar, a não ser que o faça provocadoramente e por várias vezes.
Há hábitos que não desaparecem de
determinadas pessoas que, só porque recebem um mandato do povo, logo se
imaginam poderosas e tudo fazem para demonstrar todo o poder que se arrogam.
É verdade que o exemplo deve partir de quem
se considera superior e sábio. Mas, quer a superioridade quer a sapiência devem
ser sempre acompanhadas de humildade e de respeito, o que não acontece em
Portugal.
Por tais motivos lanço um apelo aos
portugueses todos para que não voltem a entrar para as galerias da AR e saibam
fazer uma lista dos deputados a eliminar nas próximas eleições, exigindo a
prévia exposição dos nomes de cada candidato das circunscrições nacionais, para
que possam eliminar aqueles e aquelas que se limitam a defender os interesses
dos seus partidos, em detrimento dos interesses do povo português e do nosso
Portugal.
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