A oposição parlamentar classifica a actual situação do
país como um desastre económico e social e quer eleições antecipadas mas, ao
fim de dois anos de governo, PSD e CDS-PP dizem que o país está melhor.
"Creio que a palavra-chave aqui é verdade. Nós
estamos hoje em condições de poder ter um futuro que é necessariamente mais
risonho, com mais esperança, mas isso não significa aqui uma perspectiva de
facilidade. Eu não tenho dúvidas de que o país está melhor hoje do que há dois
anos", afirmou o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro.
Num balanço dos dois anos sobre as eleições
legislativas de 5 de Junho, que ditaram o regresso do PSD, em coligação com o
CDS-PP, ao poder, Luís Montenegro considerou que "há muito bons
indicadores": comportamento orçamental, a descida do défice estrutural e o
crescimento das exportações para espaços não europeus.
Luís Montenegro disse ter a "convicção absoluta
de que o Governo vai cumprir a legislatura até ao fim" e desvalorizou
"naturais divergências aqui ou ali" no seio da coligação.
Para Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS-PP, o
Governo tem todas as condições políticas para cumprir o mandato: "Tempos
difíceis exigem discussões por vezes duras mas a maioria tem sabido dirimir as
divergências", afirmou.
Nuno Magalhães afirmou que hoje estão cumpridos dois
terços do programa de ajustamento financeiro e que Portugal está, "do
ponto de vista da sua credibilidade externa e da sua autonomia" enquanto
país "melhor que há dois anos".
Quanto às "consequências negativas" do
programa de ajustamento, Nuno Magalhães apontou o "desemprego enquanto
fractura social terrível", devendo ser a criação de emprego o objectivo
para os próximos dois anos.
Com uma visão oposta sobre a situação do país, o líder
parlamentar do PS, Carlos Zorrinho considerou que os dois primeiros anos de
Governo foram de "anos de retrocesso" em que "um governo
impreparado pôs em prática uma agenda ideológica de flagelação dos
portugueses".
"Dois anos passados, um milhão de desempregados,
uma economia que não funciona, um défice que não foi controlado uma dívida
pública que sobe e sobretudo um enorme desânimo dos portugueses que é a marca
mais negativa", sustentou Carlos Zorrinho.
O Governo PSD/CDS-PP criticou, "asfixiou a
economia, quebrou a confiança dos portugueses e apodreceu as instituições dado
que é um governo que tem no seu activo dois orçamentos inconstitucionais".
Zorrinho disse antever dois cenários possíveis para os
próximos dois anos: "ou há eleições e com muita dificuldade e esforço o
país poderá inverter espiral recessiva ou, se não houver eleições vamos chegar
a essa data num contexto de grande desastre".
Para o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares,
"o Governo tem uma situação de fragilidade política evidente", que é
a expressão das suas "contradições internas" e do "profundo
desgaste junto do povo português".
"Toda a situação do país se agravou, agravaram-se
as desigualdades", considerou Bernardino Soares, criticando a
"destruição dos serviços públicos" e a "desprotecção dos
trabalhadores" promovidas por "um governo comprometido cada vez mais
com a troika, com o grande capital e grupos económicos que comandam o
país".
O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares,
resumiu numa palavra inventada a acção do Governo desde que tomou posse, a 21
de Junho de 2011: "austericídio".
"É austericídio, a destruição do país" com
recurso a políticas de austeridade que resultaram "numa recessão profunda
em 2012 e 2013", acusou, considerando que "o Governo não é capaz de
ter uma saída para a crise".
O deputado sublinhou que "todas as metas do
Governo ao nível do défice e da dívida não estão a ser cumpridas" ao mesmo
tempo que se agravam o desemprego e as condições económicas e sociais.
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