Quando alguns jornalistas lhe colocaram a
questão relativa à greve dos professores, o senhor exprimiu-se como um
inocente, que não sabia como se podia atacar assim os jovens ou mesmo crianças.
Porque, afinal, sempre se trata de uma greve,
não é verdade?, mas soube ressalvar que se trata de um direito consagrado na
Constituição.
Ora, se mo permite, vou tentar explicar-lhe
como se passam exactamente as coisas.
Como bem sabe, o actual governo ofereceu-nos
uma tal dose de austeridade – cortes nos salários mais fracos, taxas e mais
taxas como as moderadoras na saúde, nas pensões... - e muito mais “benefícios” que muitos foram
os portugueses que perderam totalmente o poder de compra, devido ao desemprego
e etc.
Or, foi aí que a porca torceu o rabo, quer
dizer, que os pais deixaram de poder alimentar os filhos.
Para mitigar a fome a essas crianças e
jovens, pelas quais sente muito e muita preocupação, o governo decidiu que as escolas passassem a fornecer, não a
sopa dos pobres, como antigamente acontecia, mas uma refeição, para que
pudessem fazer uma refeição por dia e, nalguns casos, uma merendazita, que faz
de refeição nocturna.
Quando aconteceu esse desastre nacional, não
se ouviu nada que pudesse fazer com que o governo liderado pelo senhor Pedro
recuasse nas suas medidas de austeridade, pelo contrário. Ter-se-á esquecido
das crianças e jovens ainda em idade escolar? Claro que não; apenas se limitou
a ignorá-las e ao seu sofrimento. Fome,
senhor Silva. A Fome!
Ora, o senhor também já foi pobre e criança.
Mas eram outros tempos e muito possivelmente tempos que para si eram bons
tempos, mas que para muitos, a esmagadora maioria, eram tempos dramáticos,
graças à ditadura salazarista.
Ms, mesmo sendo um grande tirano, Salazar
mandou instituir a sopa dos pobres, à qual recorriam os desvalidos do país,
mandou instituir os albergues de mendicidade, evitando o dramático espectáculo
que nos oferecem os sem-abrigo hoje, que dormem sob um viaduto, um banco de
jardim ou uma ponte, abraçados a uma garrafa de vinho meio-vazia, que é a sua “comida
e bebida” ao mesmo tempo, graças às políticas sociais praticadas pelos
políticos que vieram depois da Revolução dos Cravos.
O senhor, um dia, falou! Disse que, com os
cortes aplicados pelo seu “delfim” Pedro, tinha a seu cargo sua mulher e que
nem sabia se poderia viver, pois faltava-lhe dinheiro para as suas despesas,
somando cerca de dez mil euros mensalmente de todas as suas reformas, uma vez
que optou por elas em substituição do vencimento de presidente.
Alguém, há dias atrás, teve a coragem de
afirmar não ser necessário termos um Beppe Grillo, comediante italiano que se candidatou
às eleições legislativas no seu país, respondendo a um jornalista que já cá
tínhamos um comediante, um “palhaço”.
Não irei tão longe, mas também não ficarei
muito longe, pois como comediante, o senhor poderia candidatar-se a um Óscar,
pelo menos.
Mas Portugal está recheado de farsantes que
quase diariamente nos mimoseiam com as suas “bobices”, “bobagens”, como dizem
os nossos irmãos brasileiros.
Espero que os professores saiam vencedores do
braço de ferro com o governo e possam dar aos restantes cidadãos uma lição –
afinal é a sua especialidade, não é? – e que abram os olhos de uma vez por
todas, ajudando a correr com toda essa cambada de, como dizem os franceses – “vau-rien”
– que estão no poder em Portugal.
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