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domingo, 9 de junho de 2013

«Ó ELVAS, Ó ELVAS»

Senhor presidente da República de Portugal:

Muito possivelmente que se enganou quando leu o seu discurso de abertura do Dia de Portugal, na bela cidade de Elvas, pois além de estes momentos difíceis não serem inéditos, antes perenes, porque os portugueses sempre têm vivido, durante todos estes séculos de existência, com sérias e graves dificuldades, já que, não podendo dar para todos, o dinheiro se fica pelos bolsos dos mesmos de sempre, ou seja, políticos e capitalistas, que ainda gozam o povo, humilhando-o e roubando-o dos seus parcos proventos ou rendimentos.

Será, ou tratar-se-á efectivamente Portugal um desígnio, ou pelo contrário, o desígnio serão os bolsos e as bolsas de alguns portugueses?

O senhor lançou-nos um repto, eu lanço-lhe este, esperando que possa responder-lhe, sem usar o faceboock, que jamais visitei.

Cedo os portugueses mostraram que iriam fazer história, lutando a peito descoberto contra os galegos, depois contra os mouros ou sarracenos que, vindos do Norte de África se instalaram na Península Ibérica, especialmente nesta parte -  Lusitânia – e que, sob a liderança de Afonso Henriques começaram a correr com eles para Sul.

Depois, outros reis vieram, novas lutas, novas guerras, afastando definitivamente os mouros do país. Mas, tal como naqueles tempos, nunca houve uma hora decisiva; apenas um novo recomeçar no amanhã. Aliás, o senhor presidente sabe-o muito bem.

Com a era dos descobrimentos, na e durante a qual os portugueses abriram novos caminhos marítimos, mas sem nunca viverem a tal hora decisiva. Naqueles tempos vivia-se um dia-a-dia duro, coisa que nada mudou em relação aos dias de hoje.

E se naqueles gloriosos tempos eram  corte e a fidalguia que de tudo se apossavam, os portugueses souberam lutar pelos valores republicanos, que prometiam a Igualdade, a Fraternidade e a Liberdade em 1910, bem cedo se aperceberam, também, de que tudo isso não passava de mera treta, tipo slogan da época.

Como prova do que afirmo, foi imposta a ditadura republicana, sob a alegação de ser necessária a unidade nacional contra aquela a que chamaram de “monarquia barata”,  que tentava recuperar o poder.

Quem pensa que desempenhava o papel de pião das nicas para além do povo? Fome, miséria, falta de liberdade, nada de igualdade ou de fraternidade; os portugueses da ralé, salvo seja, foram sempre os eternos sacrificados e, pelos vistos, vão continuar a sê-lo ad eternum, sobretudo porque a designada classe política não quer dar ao povo o que lhe pertence.

Sei que não gosta de circo, de palhaços e de palhaçadas, embora saiba que nada pode haver de melhor como espectáculo como o circense, que não aqueles que se realizavam nos Circos como o de Roma, o Coliseu, onde os “Césares”, Augustos ou não,  se divertiam e faziam divertir os súbditos vendo correr o sangue dos gladiadores ou dos cristãos que eram sacrificados na arena.

Nós também cá os tivemos, aos romanos, mas soubemos, através de Viriato e depois por Sertório, correr com eles, porque apesar de aainda e só lusitanos, já sentíamos orgulho por tudo quanto era nosso. E se Deus nos tinha aqui colocado, tinhamos o dever de lutar pela Pátria, como aconteceu com a guerra do Ultramar, onde tive a distinta honra de lutar por Portugal, mais precisamente na Guiné, de onde trouxe uma eterna “recordação”.

Como falou, no seu discurso, das Linhas de Elvas, de modo algum posso compreender como foi possível não se opor ao fim do feriado de 1 de Dezembro, como também do 5 de Outubro.

Aliás, como bem sabe, tratou-se de uma decisão do actual governo, para quem essas duas datas nada significam, mas que significam muito aos verdadeiros patriotas e aos reais republicanos.

É que a nós, senhor presidente, fazem-nos dar o nosso sangue, suor e lágrimas, enquanto os políticos se sentam refastelados em bons cadeirões ou sofás, enquanto  nos limitamos a “esgaravatar” par tentarmos dar aos nossos filhos e netos um país novo e sem que se vejam obrigados a sofrer tudo quanto nós já sofremos e pelos vistos iremos continuar a sofrer no nosso quotidiano.

Asseguro sem medo de errar que, pelo país que é Portugal nenhum português do povo recusará sofrer, mas tratando-se de sustentar os “pançudos habituais”, já o caso muda de figura.

Viva Portugal livre de ladroeira e de corrupção, onde todos possam viver em paz, mas também sem o espectro do desemprego e da fome a assombrá-lo diariamente!



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