Richard
Falk vai apresentar relatório na próxima segunda-feira.
Relator
especial da ONU denuncia abusos
O relator especial das Nações Unidas (ONU) para a Palestina,
Richard Falk, afirmou que nem Israel nem os seus aliados podem justificar no
terreno os factos e as violações dos direitos humanos, revela um documento
divulgado na sexta-feira.
Por essa
razão, afirmou, num comunicado publicado no site da ONU, Israel e os seus
aliados “distraem, distorcem e difamam para que as violações continuem” e
“transformam numa paródia as negociações de paz”.
“É uma vergonha que existam organizações lobistas com o único
objectivo de desviar a atenção do mundo do inaceitável registo de Israel em
direitos humanos”, afirmou Richard Falk, acrescentando que “campanhas de
difamação irresponsáveis e desonestas para desacreditar aqueles que documentam
estas realidades não alteram os factos no terreno, 46 anos depois de Israel ter
lançado a guerra que começou com a ocupação da Palestina”.
Para o relator especial, os factos no terreno são fáceis de ver:
“Israel contínua a anexar território palestiniano; Israel persiste em demolir
casas palestinianas e a povoar o território com cidadãos israelitas; Israel
detém rotineiramente palestinianos sem acusação”.
Richard Falk considera que “Israel mantém uma política de punir
coletivamente 1,75 milhões de palestinianos através da imposição de um bloqueio
à faixa de Gaza” e que “prossegue a sua ocupação com impunidade, recusando
aceitar o apelo mundial de respeito pelas leis internacionais”.
Segundo os dados recolhidos pelo relator, existiam no final de
2012 cerca de 650 mil colonos israelitas na Palestina, recordando que, “na
semana passada, Israel deu mais um passo para fazer mais 3000 construções,
autorizadas pelo primeiro-ministro Netanyahu em Novembro, mesmo quando os
lideres do país falavam de negociações de paz”.
No primeiro trimestre de 2013, segundo o relator da ONU, Israel
demoliu 204 casas palestinianas e a “violência dos colonos israelitas contra os
palestinianos é uma ocorrência diária, tendo sido documentados 146 incidentes
em Abril”
Segundo este perito independente, designado pelo Conselho dos
Direitos Humanos da ONU, Israel confiscou terras e água palestiniana, tendo-se
apropriado de 60.000 metros quadrados de terra perto de Nablus, esta semana.
Richard Falk lembrou que desde que a ocupação começou, há 46
anos, Israel deteve aproximadamente 750.000 palestinianos, cerca de 205 da
totalidade da população. No final de Maio, Israel tinha presos 4979
palestinianos, incluindo 236 crianças.
Na sua visita em Dezembro ao território, o relator pôde
constatar que o “bloqueio ilegal” está a “sufocar os palestinianos em Gaza, que
incrivelmente tem 70% da sua população dependente de ajuda internacional para
sobreviver e 90% da água imprópria para consumo”.
“Estas violações privam os palestinos de esperança e fazem das
negociações de paz uma paródia”, disse o especialista independente. Richard
Falk deverá apresentar o seu relatório na 33.ª sessão do Conselho das Nações
Unidas, no próximo dia 10.
=Público=
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