Chegou a hora e o dia da “verdade” nas
escolas nacionais.
Depois de muita tinta gasta e de muita boca
seca de tanto falar, depois de todas as ameaças proferidas e de toda a água que
passou por baixo das pontes, após tantas opiniões de todos os comentadores que
não comentam nada, que nada dizem que se aproveite, chegou o momento de aquilatar
até que ponto cada um dos lados da barricada erguida por cada um deles sairá
vencedor.
Tenho para mim que, no meio de tanto palavreado
e de tanto “ódio” destilado por parte dos que se convenceram que mandam, só
poderá haver um único vencedor, que deverá ser Portugal, se o governo tiver em
conta que as reformas e contra-reformas educativas, que mexem com dezenas de
milhares de pessoas, com a su vida familiar, afectiva e social tem sido por ele
posta em causa.
Muitos professores têm filhos em idade e
condições de fazerem os exames, pelo que o senhor Crato deveria pensar mil e um
vezes antes de tentar forçar os professores a ceder aos seus desejos.
Antes de mais, os professores são também
seres humanos que trabalham, isto é, dedicam o seu tempo e saber ensinar, a preparar para o futuro os filhos
dos outros, árdua tarefa, tendo em conta que não é fácil, sobretudo desde que,
por razões puramente economicistas foram retirados da circulação escolar os e
as professoras do ensino especial, que agora pretende fazer regressar.
Em comparação com outros países europeus,
onde existem psicólogos e até psiquiatras nos quadros das escolas públicas, para
avaliarem certos casos, devemos considerar que além de estarmos muito atrasados,
os professores são, em muitos casos, obrigados a substituir aqueles técnicos
especializados no comportamento dos alunos, embora o façam deficientemente,
como é natural, pois lá diz o ditado “cada macaco no seu galho”.
Se ninguém tem culpa de ter nascido com uma
deficiência intelectual, é preciso saber reconhecer que não cabe aos professores traçar um diagnóstico e
dar indicações de qual o melhor caminho a seguir para que esses alunos possam
retirar todo o proveito dos seus ensinamentos.
Sabem-no os especialistas que fizeram os seus
estudos nessa área específica e que foram praticando durante anos e, apesar de
tudo, também eles por vezes se enganam.
Realmente, os exames a alunos desses que não
receberam o ensino especial de que tanto necessitavam, como se compreende
facilmente, poderão servir apenas para indicação futura, como prometida pelo senhor Crato quando afirmou
que aqueles professores do ensino especial regressarão às escolas, esperando-se
que o façam o mais rapidamente possível e não seja necessário esperar pelo
próximo século.
Se me perguntarem se apoio a greve dos
professores ou de outros trabalhadores, direi apenas que cabe cada um saber defender os interesses das suas
profissões, ao mesmo tempo que defendem os interesses nacionais em vez de interesses corporativos ou de certas
elites.
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