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sexta-feira, 7 de junho de 2013

«A IGUALDADE ENTRE OS TRABALHADORES»

A solicitação da igualdade caracterizou a Revolução Francesa que, gosto recordá-lo, forneceu o guarda-jóias histórico no qual apareceu pela primeira vez a bandeira preta, com a qual simpatizo, e que flutuou sobre as torres de Notre-Dame no dia 9 de Março de 1793 o que, como ensaio, era um golpe certeiro.

Parece-me que a fraternidade dispôs também, para se estender como um estandarte, do espaço de um século que vai dos dias de 1848-1830 é um caso à parte – até 1936, passando por 1871 e pela Comuna. 1789 permitiu o advento da democracia e do cidadão nos seus princípios, o segundo período possibilita o advento do socialismo e do trabalhador.

Sobre esta figura singular só vejo o estudo de Junger, que fez do Trabalhador a circunstância de uma sociedade e de um mundo, nos quais a economia e o destino significam a mesma coisa. Esta nova figura está dotada do poder de se representar a si mesma e, par si próprias, como um todo.

Longe dos burgueses, cujo estatuto os incapacita de apreender alguma coisa que não sejam partes, nunca conseguindo apreender o que faz a totalidade e o essencial de uma globalidade, o trabalhador apreende-se a si mesmo no registo de uma força actuante, de uma entidade do trabalho que se descobre na, pela e para a acção.

A força e a potência e, depois, a postura, o tipo de carácter, instalam-no como alternativa ao mundo em que surge.

O trabalhador mobiliza o mundo no registo exclusivo da técnica, que é menos o meio para chegar aos fins radiosos ou às satisfações terrestres, materiais e triviais, do que a ocasião para determinar uma nova classe, uma categoria a que Junger chama “raça”.

Perante os esgotamentos, as percas de energia das civilizações, o trabalhador torna-se reivindicação categórica de uma nova vitalidade, solicitando a planetarização do domínio que exerce. Este domínio, manifesto no mundo do trabalho, tomará um impulso generalizado que fará cair as barreiras nacionais em benefício de um Estado universal.

A Revolução Francesa permite ´mística de esquerda de se encarnar numa força reactiva relativamente ao feudalismo; o século de Marx e de Proudhon fornece a possibilidade, para a dita mística, de reagir à industrialização.

Se a igualdade foi a resposta que deu 1789 à necessidade de ultrapassar o mundo feudal, foi a fraternidade que surgiu como ilustração do Aufhebung – ultrapassagem-conservação-do mundo industrial.

Daí as contracções, as forças, as energias, os transbordos, as potências e as vitalidades de 1830, 1848, 1871, e de 1936 – que me perdoarão de incluir numa episteme que diz respeito ao século XIX.

Todos esses períodos estão assombrados pela definição de um lugar, de um estatuto, a conceder ao trabalhador.

De modo que as respostas teóricas que irrompem e que são diversas podem ser todas agrupadas sob a rubrica e o registo do socialismo.

O socialismo português, pagado e silencioso, é menosprezado devido recuperação teutónica e à respectiva formulação germânica de que foi objecto.

Lamentavelmente, há ainda muito a fazer para que entre nós o socialismo se defina a si próprio rapidamente, pois tal como se mostra hoje, não passa de algo muito lastimável.



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