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quarta-feira, 26 de junho de 2013

«A INDULGÊNCIA»

Com os seus brandos costumes, os portugueses pecam por excessiva indulgência em relação aos seus “carrascos”. Uma coisa é compreender, outra é abdicar diante do grande dever de defender os seus direitos com a dignidade que todo o ser humano merece.

Portanto, nenhuma destas palavras tem por fim incitar a escutar serenamente as fantasias dos políticos, já que há coisas que eles não podem deixar que sejam ditas e feitas sem arruinar a sua própria autoridade.

É essa a tentação, no entanto, que se insinuará no espírito da cidadania.

De facto, quantas vezes, desencorajados por cenas cada vez mais violentas, os cidadãos se contentam a dar aos ombros diante das divagações dos políticos…

O stoque de ideias do político esgota-se e, se ninguém lhe dá resposta, ele cairá no vazio e perder-se-á.

Julga-se, muito facilmente, que todos ganharão com isso e que o povo será levado a extremos, esquecendo, talvez, com muita facilidade que, se for o caso, não deixará de fazer, por sua vez, o mesmo jogo que tão bem acabou com o seu rival.

Termina, pois, o combate, por falta de combatentes e uma paz podre instala-se no país. Um deles fica amuado e afasta-se para um canto, jurando vingança, o outro, com os nervos crispados pelo esforço, se cala no cimo do seu poleiro.

Mais dia menos dia, porém, tudo volta a ser como era: um a mandar, o outro a criticar e a obedecer, já que as suas críticas são de tal modo suaves que não feririam a susceptibilidade de qualquer senhora sensível.

Será assim que mais convém ao círculo do Clube de Bilderberg? Que o digam aqueles que dele fazem parte em Portugal e se deixam guiar pelas directrizes por ele emanadas.

Em qualquer circunstância, mesmo se a paz foi restabelecida – e se percebe o quanto é precária – do ponto de vista social tudo resta por fazer. E, subitamente, do meio do caos implantado no país, levanta-se um que afirma a hipótese de baixar aos impostos cobrados aos cidadãos comuns.

E, então, aquelas vozes que não deixavam de se tornar incómodas, começam a deixar de se ouvir, restando apenas aquelas que sempre deram a cara à luta por uma vida melhor para os menos favorecidos, como designam hoje os mais pobres e carentes.

Entretanto, do alto do seu minarete, alguém que deveria levantar a voz em defesa do povo, limita-se a encolher os ombros e olhar o mar e os campos que antes desprezou.


Assim, e sem que muitos se apercebam, até porque não convém que o façam, o país vai caminhando, arrastando os portugueses consigo, para a borda do abismo, no qual cairá indubitavelmente se não travarem o andamento.

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