Com os seus brandos costumes, os portugueses
pecam por excessiva indulgência em relação aos seus “carrascos”. Uma coisa é
compreender, outra é abdicar diante do grande dever de defender os seus direitos
com a dignidade que todo o ser humano merece.
Portanto, nenhuma destas palavras tem por fim
incitar a escutar serenamente as fantasias dos políticos, já que há coisas que
eles não podem deixar que sejam ditas e feitas sem arruinar a sua própria
autoridade.
É essa a tentação, no entanto, que se
insinuará no espírito da cidadania.
De facto, quantas vezes, desencorajados por
cenas cada vez mais violentas, os cidadãos se contentam a dar aos ombros
diante das divagações dos políticos…
O stoque de ideias do político esgota-se e,
se ninguém lhe dá resposta, ele cairá no vazio e perder-se-á.
Julga-se, muito facilmente, que todos
ganharão com isso e que o povo será levado a extremos, esquecendo, talvez, com
muita facilidade que, se for o caso, não deixará de fazer, por sua vez, o mesmo
jogo que tão bem acabou com o seu rival.
Termina, pois, o combate, por falta de
combatentes e uma paz podre instala-se no país. Um deles fica amuado e
afasta-se para um canto, jurando vingança, o outro, com os nervos crispados
pelo esforço, se cala no cimo do seu poleiro.
Mais dia menos dia, porém, tudo volta a ser
como era: um a mandar, o outro a criticar e a obedecer, já que as suas críticas
são de tal modo suaves que não feririam a susceptibilidade de qualquer senhora
sensível.
Será assim que mais convém ao círculo do
Clube de Bilderberg? Que o digam aqueles que dele fazem parte em Portugal e se
deixam guiar pelas directrizes por ele emanadas.
Em qualquer circunstância, mesmo se a paz
foi restabelecida – e se percebe o quanto é precária – do ponto de vista social
tudo resta por fazer. E, subitamente, do meio do caos implantado no país, levanta-se
um que afirma a hipótese de baixar aos impostos cobrados aos cidadãos comuns.
E, então, aquelas vozes que não deixavam de
se tornar incómodas, começam a deixar de se ouvir, restando apenas aquelas que
sempre deram a cara à luta por uma vida melhor para os menos favorecidos, como
designam hoje os mais pobres e carentes.
Entretanto, do alto do seu minarete, alguém
que deveria levantar a voz em defesa do povo, limita-se a encolher os ombros e
olhar o mar e os campos que antes desprezou.
Assim, e sem que muitos se apercebam, até
porque não convém que o façam, o país vai caminhando, arrastando os portugueses
consigo, para a borda do abismo, no qual cairá indubitavelmente se não travarem
o andamento.
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