Por natureza, é um ser que durante toda a sua
vida busca a sua forma de estar, a sua ideologia, uma vez que a sua estrutura
mental não está o bastante firme, o bastante estável par que se possa esperar
dele outra coisa senão delineamentos de ideias e esboços de acção.
E se, se pode chegar a dar-lhe, pouco a pouco,
aquela rectidão no pensar e agir que é o apanágio do adulto, não é menos certo
que é preciso levá-lo a isso progressivamente. Tal como é, jamais poderia
despender o esforço que se lhe poderia exigir, a não ser ao preço de um
autodomínio de que, muito comummente é incapaz.
Porque, no fundo, de que se trata? Da
afirmação de uma individualidade nascente que, opondo-se a outrem, se constrói
e se forja a si mesma. E é isso que nem sempre se compreende, quando se ouve
algum ser adulto divagar.
O adulto, se diz asneiras, julgámo-lo um
fraco de espírito ou um gracejador de mau gosto. Não se lhe perdoa, com razão,
essa fraqueza de estrutura, que cede ao peso do raciocínio.
Admitir-se-á menos ainda que se torne
grosseiro e unilateral, a pretexto de estar com a razão, quando é evidente que
está errado. Julga-se que deve saber aceitar os outros como são, pois, afinal,
vive-se ou não em democracia? Existe ou não, deve ou não existir a liberdade de
cada um poder escolher o que mais se coaduna com a sua forma de pensar e de
estar na vida?
É vulgar e corrente ver-se como alguns
criticam aqueles que simpatizam, que apoiam e que preferem o comunismo a
qualquer outro partido político. Porquê, então, criticá-los apenas porque se
pensa que devem ser criticados só porque são comunistas?
Muitos já se esqueceram que seus pais e avós
até foram comunistas que lutaram contra a ditadura, que foram presos e desterrados, exilados e que outros
simplesmente desapareceram para todo o sempre durante o regime salazarista.
Quem mais, n sociedade portugueses de então foi
capaz de se opor, de viver na clandestinidade, de expor ou dar a vida, de
sofrer torturas mentais e físicas, quantos filhos ficaram órfãos só porque seus
pais se consideravam “Homens” em tudo iguais, salvo no pensamento, aos que
defendiam o pensamento único?
Ah! Mas as coisas mudaram em Abril de 1974.
E, graças a quem? Apenas aos militares que hoje parecem adormecidos? Não, como
é evidente e claro.
Mas hoje, alguns olham os comunistas como se
de um vírus se tratasse, pois continuam a ser eles os únicos a mostrar serem os
“donos” da razão, os únicos capazes de o dizerem, de a mostrarem nos locais
devidos, os únicos que se mostram capazes de levar os trabalhadores a
demonstrarem nas ruas do país o descontentamento, mais que normal, que ataca os
portugueses.
São eles quem, sem se importarem com o que
possam pensar deles, mas também sem se importarem que outros adoptem os mesmos
slogans clamados durante as manifestações de rua, continuam a defender os mais
débeis e vítimas do actual sistema capitalista que assola o mundo.
Mas, alguns e sempre os mesmos, criticam-nos
por pretenderem, través de murais, demonstrarem o seu descontentamento em
relação ao actual governo, que mais não sabe fazer que impor sempre mais
austeridade e retirar direitos ao povo trabalhador. Aliás, para que se possa trabalhar
hoje em Portugal, ou se é portador de um cartão do CDS ou do PSD.
Apesar de saberem que dificilmente o PCP
poderá aspirar a ser governo, porque são além de vesgos fanáticos, limitam-se a
criticar todo o gesto que, em seu fraco entender, podem ferir a
susceptibilidade dos actuais governantes que se limitam a massacrar sem dó nem
piedade cidadania nacional.
Onde a estrutura mental ainda não alcançou
firmeza própria, não se poderia exigir uma estabilidade que, na ordem
intelectual, se traduz por juízos correctos e na ordem moral por acções justas.
Sem comentários:
Enviar um comentário