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sábado, 22 de junho de 2013

«O SER HUMANO»

Por natureza, é um ser que durante toda a sua vida busca a sua forma de estar, a sua ideologia, uma vez que a sua estrutura mental não está o bastante firme, o bastante estável par que se possa esperar dele outra coisa senão delineamentos de ideias e esboços de acção.

E se, se pode chegar a dar-lhe, pouco a pouco, aquela rectidão no pensar e agir que é o apanágio do adulto, não é menos certo que é preciso levá-lo a isso progressivamente. Tal como é, jamais poderia despender o esforço que se lhe poderia exigir, a não ser ao preço de um autodomínio de que, muito comummente é incapaz.

Porque, no fundo, de que se trata? Da afirmação de uma individualidade nascente que, opondo-se a outrem, se constrói e se forja a si mesma. E é isso que nem sempre se compreende, quando se ouve algum ser adulto divagar.

O adulto, se diz asneiras, julgámo-lo um fraco de espírito ou um gracejador de mau gosto. Não se lhe perdoa, com razão, essa fraqueza de estrutura, que cede ao peso do raciocínio.

Admitir-se-á menos ainda que se torne grosseiro e unilateral, a pretexto de estar com a razão, quando é evidente que está errado. Julga-se que deve saber aceitar os outros como são, pois, afinal, vive-se ou não em democracia? Existe ou não, deve ou não existir a liberdade de cada um poder escolher o que mais se coaduna com a sua forma de pensar e de estar na vida?

É vulgar e corrente ver-se como alguns criticam aqueles que simpatizam, que apoiam e que preferem o comunismo a qualquer outro partido político. Porquê, então, criticá-los apenas porque se pensa que devem ser criticados só porque são comunistas?

Muitos já se esqueceram que seus pais e avós até foram comunistas que lutaram contra a ditadura, que foram presos e  desterrados, exilados e que outros simplesmente desapareceram para todo o sempre durante o regime salazarista.

Quem mais, n sociedade portugueses de então foi capaz de se opor, de viver na clandestinidade, de expor ou dar a vida, de sofrer torturas mentais e físicas, quantos filhos ficaram órfãos só porque seus pais se consideravam “Homens” em tudo iguais, salvo no pensamento, aos que defendiam o pensamento único?

Ah! Mas as coisas mudaram em Abril de 1974. E, graças a quem? Apenas aos militares que hoje parecem adormecidos? Não, como é evidente e claro.

Mas hoje, alguns olham os comunistas como se de um vírus se tratasse, pois continuam a ser eles os únicos a mostrar serem os “donos” da razão, os únicos capazes de o dizerem, de a mostrarem nos locais devidos, os únicos que se mostram capazes de levar os trabalhadores a demonstrarem nas ruas do país o descontentamento, mais que normal, que ataca os portugueses.

São eles quem, sem se importarem com o que possam pensar deles, mas também sem se importarem que outros adoptem os mesmos slogans clamados durante as manifestações de rua, continuam a defender os mais débeis e vítimas do actual sistema capitalista que assola o mundo.

Mas, alguns e sempre os mesmos, criticam-nos por pretenderem, través de murais, demonstrarem o seu descontentamento em relação ao actual governo, que mais não sabe fazer que impor sempre mais austeridade e retirar direitos ao povo trabalhador. Aliás, para que se possa trabalhar hoje em Portugal, ou se é portador de um cartão do CDS ou do PSD.

Apesar de saberem que dificilmente o PCP poderá aspirar a ser governo, porque são além de vesgos fanáticos, limitam-se a criticar todo o gesto que, em seu fraco entender, podem ferir a susceptibilidade dos actuais governantes que se limitam a massacrar sem dó nem piedade  cidadania nacional.

Onde a estrutura mental ainda não alcançou firmeza própria, não se poderia exigir uma estabilidade que, na ordem intelectual, se traduz por juízos correctos e na ordem moral por acções justas.


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