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sexta-feira, 21 de junho de 2013

«PORTANTO, O TRABALHADOR…»

Que, só por si é figura da exclusão e da exploração, encarna o escravo do mundo moderno sem o qual não há civilização possível, como dizia Aristóteles – o que pensam também todos os devotos do capitalismo.

Os bens, as riquezas, os benefícios, as mais-valias, os lucros, os relatórios, os ganhos, eis as obras-primas do mundo moderno, as pirâmides do capitalismo e as catedrais da industrialização.

Para construir esses edifícios, não se regateia um,a mão-de-obra que, tanto ontem como hoje, se paga com um punhado de feijões, com uns pedaços de pão seco e com umas zurrapas como bebidas.

O preço dessas construções? Pois, o trabalho das crianças, sem distinção de idade, os salários de miséria cordados aos que penam, a indigência absoluta para os miseráveis privados de emprego, a escravatura, o dia de trabalho, legal, de catorze horas, as doenças profissionais, os acidentes, as dívidas, os alojamentos vergonhosos, quando existem, a ausência do direito ao trabalho, a repressão de qualquer aspiração sindical, o seguimento policial, través de documentos apropriados, dos contratos tomados pelo operário.

E depois? Bem, depois surgem os apoiantes de tudo isto, que escrevem e falam contra a revolta dos trabalhadores contra  exploração pelos capitalistas e políticos, fazendo-o contra a  dignidade humana ou para a humanidade dos homens, mulheres e crianças que possibilitavam a existência de riquezas e a sua confiscação pelo capital.

Promovem-se as associações e as sociedades de resistência, os contratos colectivos de trabalho, as eleições de delegados nas empresas,  ausência de sanções em caso de greves, o respeito pela liberdade sindical. Problemas de humanismo elementar? Acaba-se com  pena de morte por razões de ordem política, promove-se a igualdade dos homens e das mulheres, a liberdade imprescritível dos cidadãos, a supressão da escravatura, a criação de férias pagas. Mas, como?

Problemas estruturais devidos ao empobrecimento? Efectuam-se nacionalizações, reforma da banca, dos créditos, da fiscalidade, separa-se a Igreja do Estado, laiciza-se a instrução e a saúde, torna-se a escolaridade obrigatória para as crianças.

Generaliza-se e expande-se, o sindicalismo, o corporativismo operário. A direita recusa em bloco!

Quem poderá dizer que hoje estes problemas desapareceram? Que deixaram de ser especificamente os mesmos? A miséria, o emprego, o direito ao trabalho, o humanismo elementar, o empobrecimento induzido pelas instâncias estruturais, o alojamento, a organização do trabalho, a formulação das reivindicações, a acção – não desapareceu nada daquilo que acossa o trabalhador e os indigentes, como não perderam a actualidade as soluções que foram trazidas pelos homens e mulheres que se dedicaram ao génio colérico da revolução.

Regressa-se ao feudalismo, atacado com a ajuda da democracia e da igualdade, por intermédio do cidadão, a industrialização posta em causa pela democracia, por intermédio do trabalhador, apenas estavam ^espera do capitalismo criticado segundo o princípio libidinal e libertário, por intermédio do indivíduo, cuja data de nascença é, incontestavelmente, Abril de 1974.

Certamente que na nossa história actual, tudo isto permanece de uma terrível actualidade, de uma verdade gritante e de uma desesperada pertinência, mas tudo permanece também verdadeiro e pertinente em matéria de soluções.

O que regozija os que o capitalismo desenfreado já não satisfaz ou deixou de satisfazer.


Longe das dissertações filosóficas ou das divagações doutorais sobre os méritos comparados das justiças cumuativa ou distributiva, sobre a relação mantida entre a caridade e outras virtudes teologais do género da fé ou da esperança, com as quis nada podemos fazer, o princípio de Antígona quer a equidade segundo  ordem humana.

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