A greve dos
professores, convocada em tempo de crise para o período de duas semanas,
obrigou os docentes a organizarem-se, sem "furar" o protesto,
evitando os efeitos no salário, através da contribuição para "fundos
de maneio".
A agência Lusa chegaram relatos de professores, de diferentes
pontos do país, que revelaram que as escolas se organizaram com a criação de
"fundos de maneio", com contribuições dos professores, que permitem
aos docentes serem ressarcidos, ainda que não na totalidade, pela parte do
ordenado que perdem, por fazerem greve às reuniões de avaliação.
Gina Mateus, delegada sindical e professora de História e
Geografia de Portugal no agrupamento de Santa Maria, em Beja, explicou à Lusa
que, na sua escola, foi feita uma lista de rotatividade de professores, com o
objetivo de que "sejam afetados o mínimo possível".
O processo "é simples", contou a professora: foi feita
uma lista com todos os docentes que se declararam disponíveis para aderir à
greve, gerida de forma a que, em cada conselho de turma na escola, cujo
objetivo é atribuir avaliações aos alunos, falte pelo menos um professor, o que
inviabiliza a realização da reunião.
Com o fundo de maneio, constituído com contribuições de 10 euros
de cada professor, incluindo de alguns que não fazem greve, os docentes que
decidiram aderir à paralisação recebem uma "compensação solidária"
que minimiza, no final do mês, o impacto da perda de salário correspondente às
horas de greve.
Gina Mateus disse à Lusa que a questão financeira se colocou,
sobretudo, entre os contratados, mas entre os professores que aderiram ao
protesto, adiantou, há os que admitem que "não podem ir mais além" do
dia 21 (data em que termina a greve às avaliações) e os que "admitem ir
até ao fim", se os sindicatos decidirem apresentar novos pré-avisos de
greve para lá dessa data.
Ainda assim, a delegada sindical reconheceu que o "fundo de
maneio" pode ter funcionado como "incentivo" para alguns
professores, mas recusou que tenha sido um "fator decisivo" na
adesão.
Também em Beja, na escola básica Mário Beirão, uma professora, que
preferiu não ser identificada, contou que, naquele estabelecimento, foi adotado
um procedimento semelhante entre os professores.
Aos cerca de 80 professores da escola foi também pedida uma
contribuição de 10 euros, o que representaria, num cenário de total adesão ao
fundo solidário, uma bolsa de apoio de 800 euros.
Nesta escola, onde existe igualmente uma lista de rotatividade e
uma calendarização para tentar assegurar perdas mínimas, os professores que
aderiram à greve comprometeram-se a "assumir os prejuízos" inerentes
a faltar a uma reunião e, em alguns casos, a duas.
Isto significa que há docentes que, nesta escola, admitem vir a
receber qualquer tipo de compensação angariada entre os colegas, só à segunda
ou terceira reunião de conselho de turma, à qual faltaram devido à greve.
Na região da Grande Lisboa, numa escola de Loures, uma professora
que também se recusou a ser identificada, revelou que o processo de
contribuições solidárias na sua escola foi organizado, tendo em conta a média
salarial do corpo docente.
A cada professor foi pedido um apoio de 14 euros, que será o que
cada docente vai receber por faltar a uma reunião, mas, também aqui, só a
partir da segunda e, em alguns casos, da terceira reunião.
Os professores estão em greve às avaliações até dia 21 de junho.
Pelo meio têm um dia de paralisação, na próxima segunda-feira, que coincide com
o primeiro dia de exames nacionais do ensino secundário, estando marcadas as
provas de Português A e B e de Latim.
=Lusa=
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