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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Professores fazem "fundos de maneio" para contornar a crise em tempo de greve

A greve dos professores, convocada em tempo  de crise para o período de duas semanas, obrigou os docentes a organizarem-se,  sem "furar" o protesto, evitando os efeitos no salário, através da contribuição  para "fundos de maneio". 

A agência Lusa chegaram relatos de professores, de diferentes pontos do país, que revelaram que as escolas se organizaram com a criação de "fundos de maneio", com contribuições dos professores, que permitem aos docentes serem ressarcidos, ainda que não na totalidade, pela parte do ordenado que perdem, por fazerem greve às reuniões de avaliação.
Gina Mateus, delegada sindical e professora de História e Geografia de Portugal no agrupamento de Santa Maria, em Beja, explicou à Lusa que, na sua escola, foi feita uma lista de rotatividade de professores, com o objetivo de que "sejam afetados o mínimo possível".
O processo "é simples", contou a professora: foi feita uma lista com todos os docentes que se declararam disponíveis para aderir à greve, gerida de forma a que, em cada conselho de turma na escola, cujo objetivo é atribuir avaliações aos alunos, falte pelo menos um professor, o que inviabiliza a realização da reunião.
Com o fundo de maneio, constituído com contribuições de 10 euros de cada professor, incluindo de alguns que não fazem greve, os docentes que decidiram aderir à paralisação recebem uma "compensação solidária" que minimiza, no final do mês, o impacto da perda de salário correspondente às horas de greve.
Gina Mateus disse à Lusa que a questão financeira se colocou, sobretudo, entre os contratados, mas entre os professores que aderiram ao protesto, adiantou, há os que admitem que "não podem ir mais além" do dia 21 (data em que termina a greve às avaliações) e os que "admitem ir até ao fim", se os sindicatos decidirem apresentar novos pré-avisos de greve para lá dessa data.
Ainda assim, a delegada sindical reconheceu que o "fundo de maneio" pode ter funcionado como "incentivo" para alguns professores, mas recusou que tenha sido um "fator decisivo" na adesão.
Também em Beja, na escola básica Mário Beirão, uma professora, que preferiu não ser identificada, contou que, naquele estabelecimento, foi adotado um procedimento semelhante entre os professores.
Aos cerca de 80 professores da escola foi também pedida uma contribuição de 10 euros, o que representaria, num cenário de total adesão ao fundo solidário, uma bolsa de apoio de 800 euros.
Nesta escola, onde existe igualmente uma lista de rotatividade e uma calendarização para tentar assegurar perdas mínimas, os professores que aderiram à greve comprometeram-se a "assumir os prejuízos" inerentes a faltar a uma reunião e, em alguns casos, a duas.
Isto significa que há docentes que, nesta escola, admitem vir a receber qualquer tipo de compensação angariada entre os colegas, só à segunda ou terceira reunião de conselho de turma, à qual faltaram devido à greve.
Na região da Grande Lisboa, numa escola de Loures, uma professora que também se recusou a ser identificada, revelou que o processo de contribuições solidárias na sua escola foi organizado, tendo em conta a média salarial do corpo docente.
A cada professor foi pedido um apoio de 14 euros, que será o que cada docente vai receber por faltar a uma reunião, mas, também aqui, só a partir da segunda e, em alguns casos, da terceira reunião.
Os professores estão em greve às avaliações até dia 21 de junho. Pelo meio têm um dia de paralisação, na próxima segunda-feira, que coincide com o primeiro dia de exames nacionais do ensino secundário, estando marcadas as provas de Português A e B e de Latim.
=Lusa=

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