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quinta-feira, 6 de junho de 2013

«DEVEREMOS COMPREENDER O PREGUIÇOSO?»

Perceba-se: seja ou não o preguiçoso intelectualmente dotado, estamos, praticamente, sempre, diante do mesmo problema.

No máximo, poder-se-ía dizer que um certo dom intelectual, reconhecido e determinado, tornaria o problema mais fácil. Mas não o resolve e deixa-o, no fundo, idêntico, senão pior.

Torna-se, nada mais, nada menos, de sacudir uma apatia física e psíquica que se reflecte sobre todo o comportamento do preguiçoso, mas, especialmente, sobre o seu esforço intelectual.

O preguiçoso não deixará de ser preguiçoso – supondo-se que possa fazê-lo – a não ser sob uma única condição, que é essencial: que se consiga fazer funcionar o mecanismo, dar-lhe o arranque inicial, movimentá-lo de qualquer maneira.

Evidência que salta aos olhos, mas que seria bom se tomasse em conta.

Neste momento, um exame aprofundado impõe-se: tem ou não tem o preguiçoso uma disposição particular? Gosta de fazer alguma coisa, qualquer que seja?

E fá-la, por consequência, em virtude de uma espécie de instinto, de uma tendência profunda, que não é facilmente inibida?

Em caso afirmativo, esse preguiçoso está salvo. Se não, nada o salvará, a não ser – o que é muito aleatório – que se lhe desperte artificialmente o gosto por determinada actividade.

Mas se ele não possui esse dom, se um exame atento no-lo revela, analisemo-lo com cuidado, sem prejulgamentos. Toda a cura depende disso. Por isso, seria imperdoável tomar um tendência secundária por um impulso verdadeiro, profundo, inato.

Infelizmente, é isso que mais comummente acontece.

Por exemplo, não é porque um político gosta de construir castelos de areia que tem uma real disposição para ser empreiteiro de obras públicas. É talvez, e da mesma forma, um poeta.., um lírico em potencial.

Ou, mais simplesmente, um político que se aborrece, que se sente vazio, e como que em disponibilidade.

Há somente um sinal que não engana: a invenção, a criação num determinado campo.

De fcto, para inventar e criar é necessário que se movam todas as nossas faculdades – e as mais elevadas – num determinado sentido.

O preguiçoso, ou o político que, num domínio qualquer, tente criar o que quer que seja, possui aquela disposição particular que, mais estimulada, dirigida, orientada, pode também transformá-lo – coisa curiosa! – não nalguns anos ou meses, mas em poucas horas, imediatamente. “Quanto rende?”


Faça-se dele um comerciante, isto é, aquilo para o que ele é feito.

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