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quarta-feira, 19 de junho de 2013

«OS PROTESTOS DO POVO»

De tudo, muito se ouviu nos últimos dias, muito se continua a ouvir e a ler, muitos são os que contestam em ar de “elogio” aos professores, elogio que se vai desvanecendo conforme se vai lendo.

As nossas televisões mostram-nos também  aquelas manifestações no Brasil que, certamente, não se devem penas o facto de um aumento dos transportes em vinte centavos, dez cêntimos do euro.

Mais que protesto pelo significado do aumento, o que os brasileiros colocaram em jogo toda  su indignação pela forma como são tratados assuntos de interesse público, mas também a ira de uma sociedade cansada de creditar em vão e de esperar pelo que nunca lhe é retribuído.

Ninguém de bom senso apoia a violência causada pelo inconformismo dos manifestantes, nem  truculência empregue pela polícia para os impedir e reprimir.

As cenas acontecidas nas duas maiores cidades do país – com centenas de pessoas presas ou feridas, prédios e lojas meio-desfeitos, agentes policiais tirando a esmo sem saber quem vão atingir, em resposta  pedras arremessadas desordenadamente – deixam um alerta: é que lá como cá, a população não vive a felicidade demonstrada na propaganda dos governos.

Existe uma forte insatisfação latente no inconsciente popular que, à menor provocação se manifesta. É míope – ou mentirosa e irresponsável – essa postura dos governantes o não perceberem  indignação presente em todo o cidadão português ou e brasileiro, mas há outros e são muitos, independentemente da sua classe social, do grau de instrução, do acesso ou não às facilidades do desenvolvimento.

Ontem, foram os professores em Portugal, mas também os brasileiros, os gregos e mais, muitos mais pelo mundo dito civilizado, amanhã serão outros que lutarão pelo essencial do seu quotidiano. A gota de água é o constante aumento do custo de vida, o desprezo dedicado aos povos, os sucessivos cortes salariais e dos subsídios de férias e de Natal que, por si mesma não basta para causar o impacto necessário para que abandonem o poder esses hipócritas que se limitam a defender os interesses dos amigos e não os interesses da Nação e do seu povo. O que está em jogo é muito mais.

O cidadão comum, o mesmo que usa diariamente os transportes colectivos, é aquele que gasta à volta de duas ou mais horas da sua vida diária para ir e regressar do seu trabalho. Por vezes mais tempo ainda, seja em Portugal seja no Brasil. É aquele que vive ameaçado, como  sua família, pela violência e pela insegurança – que fintam ou com ela são confundidos ou nela envolvidos – devido à ocupação de certos locais das cidades, pela criminalidade impune, pela miséria sem solução à vista.

O povo português – está provado – não gosta nem apoia a violência, mas vê-se obrigado a conviver com ela, enquanto os governantes se limitm a mandar agentes para as ruas, colocando irmãos contra irmãos, pois trata-se de um excutivo cobarde que já não pode ouvir mais cantar a Grândola Vila Morena.

 A corrupção soube instalar-se em Portugal, de forma deslavada e desmedida, estando presente em todos os sectores da sociedade nacional, em todos os andares e instâncias do poder público, e a péssima qualidade – cada vez pior – dos serviços de saúde, de educação, de segurança, de transportes em todo o país, que afronta e desrespeita a sociedade que paga. Isso, somado à actividade criminosa do sector financeiro, que não se envergonha de aumentar as taxas mensais e outras tarifas sobre operações, afecta um prcela significativa da população, e eles querem lá saber…!

Depois surgem os profetas do bom comportamento social de um povo sacrificado e martirizado, jamais ouvido e tido em conta, povo que diariamente é gozado pelos que se afirmam legitimados par dirigirem os destinos da Pátria e que a vendem a retalho no imenso supermercado mundial.


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