De tudo, muito se
ouviu nos últimos dias, muito se continua a ouvir e a ler, muitos são os que
contestam em ar de “elogio” aos professores, elogio que se vai desvanecendo
conforme se vai lendo.
As nossas televisões
mostram-nos também aquelas manifestações
no Brasil que, certamente, não se devem penas o facto de um aumento dos
transportes em vinte centavos, dez cêntimos do euro.
Mais que protesto
pelo significado do aumento, o que os brasileiros colocaram em jogo toda su indignação pela forma como são tratados
assuntos de interesse público, mas também a ira de uma sociedade cansada de
creditar em vão e de esperar pelo que nunca lhe é retribuído.
Ninguém de bom senso
apoia a violência causada pelo inconformismo dos manifestantes, nem truculência empregue pela polícia para os
impedir e reprimir.
As cenas acontecidas
nas duas maiores cidades do país – com centenas de pessoas presas ou feridas,
prédios e lojas meio-desfeitos, agentes policiais tirando a esmo sem saber quem
vão atingir, em resposta pedras arremessadas desordenadamente – deixam um alerta: é que lá como cá, a população
não vive a felicidade demonstrada na propaganda dos governos.
Existe uma forte
insatisfação latente no inconsciente popular que, à menor provocação se
manifesta. É míope – ou mentirosa e irresponsável – essa postura dos
governantes o não perceberem indignação
presente em todo o cidadão português ou e brasileiro, mas há outros e são
muitos, independentemente da sua classe social, do grau de instrução, do acesso
ou não às facilidades do desenvolvimento.
Ontem, foram os
professores em Portugal, mas também os brasileiros, os gregos e mais, muitos
mais pelo mundo dito civilizado, amanhã serão outros que lutarão pelo essencial
do seu quotidiano. A gota de água é o constante aumento do custo de vida, o
desprezo dedicado aos povos, os sucessivos cortes salariais e dos subsídios de
férias e de Natal que, por si mesma não basta para causar o impacto necessário
para que abandonem o poder esses hipócritas que se limitam a defender os
interesses dos amigos e não os interesses da Nação e do seu povo. O que está em
jogo é muito mais.
O cidadão comum, o
mesmo que usa diariamente os transportes colectivos, é aquele que gasta à volta
de duas ou mais horas da sua vida diária para ir e regressar do seu trabalho.
Por vezes mais tempo ainda, seja em Portugal seja no Brasil. É aquele que vive
ameaçado, como sua família, pela
violência e pela insegurança – que fintam ou com ela são confundidos ou nela envolvidos – devido à ocupação de certos locais das cidades, pela criminalidade
impune, pela miséria sem solução à vista.
O povo português –
está provado – não gosta nem apoia a violência, mas vê-se obrigado a conviver
com ela, enquanto os governantes se limitm a mandar agentes para as ruas,
colocando irmãos contra irmãos, pois trata-se de um excutivo cobarde que já não
pode ouvir mais cantar a Grândola Vila Morena.
A corrupção soube instalar-se em Portugal, de
forma deslavada e desmedida, estando presente em todos os sectores da
sociedade nacional, em todos os andares e instâncias do poder público, e a
péssima qualidade – cada vez pior – dos serviços de saúde, de educação, de
segurança, de transportes em todo o país, que afronta e desrespeita a sociedade
que paga. Isso, somado à actividade criminosa do sector financeiro, que não se
envergonha de aumentar as taxas mensais e outras tarifas sobre operações, afecta
um prcela significativa da população, e eles querem lá saber…!
Depois surgem os profetas do bom comportamento social
de um povo sacrificado e martirizado, jamais ouvido e tido em conta, povo que
diariamente é gozado pelos que se afirmam legitimados par dirigirem os destinos
da Pátria e que a vendem a retalho no imenso supermercado mundial.
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