De vez em quando fico surpreendido com
determinados ditos de certos “amigos” e companheiros de longa data que,
possivelmente esperavam de mim uma outra forma de linguagem, de passividade, de
“laisser faire” para com os políticos dirigentes da nossa vasta praça.
Quando os ouço dizer ser necessário
aumentar as exportações para
solidificar a economia nacional, mesmo que não liguem nada à elevadíssima taxa
de desemprego, seguindo a trajectória desses indivíduos que emergem dos porões
da ditadura como “esperança renascida para Portugal superar os tempos difíceis
e obscuros do pensamento único.
Durante longos 48 anos, pelo menos, Portugal
viveu debaixo da manta da ditadura fascista imposta por um professor
universitário com a colaboração de um cardeal, que mais pareciam adeptos da
monarquia que da República, de tal modo impunham aos portugueses o seu poder
absoluto, imposto pelo capitalismo regrado num país que mais parecia do
Terceiro Mundo.
Nada de aventuras inspiradas na justa
indignação dos oprimidos, tal como acontece hoje, onde se traçam roteiros
sociais abertos à construção de um futuro mais que dúbio, onde a cidadania
prevalece sobre o egoísmo das elites, pela loucura do lucro a qualquer custo.
Todos os quinze dias, na Casa da
Democracia - que parece ter fugido par
longe – ouvem-se discursos que fazem levantar os cabelos aos carecas, algumas
perguntas colocadas por membros do maior partido da oposição, que a nada
conduzem, e que dão a entender que esse partido deveria pensar em mudar de
rumo, ajudando os cidadãos a viverem num mundo melhor. Mas, não se vê qualquer
metamorfose que abra aos cidadãos novas hipóteses de esperanças futuras.
Tentando mostrar-nos que mergulha num oceano
que de modo algum é o dele, dá a impressão de procurar um certo apoio político
no sindicalismo político das manifestações pelas ruas e avenidas da capital,
tentando atropelar a unidade dos rivais nessas questões e contestações às
práticas políticas exercidas sobre o povo português, metendo-se todavia nas
encolhas quando se trata de votar no hemiciclo.
Depois, tenta procurar apoios no estrangeiro,
junto de políticos não menos desinteressados dos cidadãos dos seus países,
procurando disfarçar toda a sua iniquidade e todo o seu desprezo pelo povo,
embora publicamente afirmem tudo fazer pelo povo, com o povo e para o povo, o
que deixa muito a desejar.
O que mais interessa, a uns e a outros desses
grupos considerados do arco da governação é alcançarem plena satisfação dos seus interesses pessoais
e de grupo, mas com os cidadãos bem manietados pelas falsas promessas – como os
outros, aliás – e tudo fazerem para se tornarem nos novos caciques cá da
parvónia.
Alguns deles talvez já tivesse mudado de
ideologia se vissem que ali ou acolá conseguiriam melhores resultados para os
seus anseios, para as suas ambições pessoais, mas esperam pelo momento adequado
par desferirem o golpe que lhes proporcione o tão almejado lugar ao sol, onde
até os tachos fervem sem fogo.
A dita democratização vinda com Abril de 1974,
rapidamente fez marcha-atrás, j´que a manter-se todos se aperceberiam de que os
seus egos ultrapassariam as suas “boas intenções”.
E, todos queriam ser líderes ou fosse o que
fosse que os projectasse para a Ribalta apenas com simulações de projectos
sociais como aqueles que vigoravam anteriormente, ou seja, durante os tempos da
ditadura fascista.
Destruição
de boa parte da Constituição permitiria a recuperação do tempo perdido,
afirmando que tudo era feito para o bem do país e de seu povo, de imediato
demonstrando que serviu apenas para mais uma trágica destruição de estruturas
nacionais, suprimindo direitos sociais e até colocando em grave risco a independência
e soberania nacionais, entregando aos estrangeiros o que de melhor havia em
Portugal.
E, muitos dos admiradores que tinham,
tornaram-se seus adversários, pois acabou-se a capacidade de preenchimento dos
vazios da frustração.
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