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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

«O INDIVÍDUO SOBERANO»

Em relação e em contacto com outras individualidades soberanas, permite o esboço de uma civilização susceptível de ultrapassar a episteme clássica.

Através de uma relação pacificada, hedonista, liberatória e jubilatória, o contrato, a associação segundo o modelo sinalagmático, fornece a legítima autoridade fundadora.

Nessa altura, o jogo de forças inflecte-se menos no sentido de Tanatos, como foi o caso na época da sujeição, do que na direcção de Eros, por e para ele.

O poder, que os desejos se disputam,torna-se uma força empregue par procurar prazeres e para os obter.

Menos bárbaro, selvagem e brutal do que civilizado, refinado e cortês, o regime ético que Foucault desejava nos seus últimos livros define o ideal contemporâneo.

Que uma mística de esquerda possa tender para a realização de um modelo de subjectividade e de intersubjectividade,que a política se apoie num ética,que as máquinas sociais estejam menos em contradição com os indivíduos e mais numa relação de complementaridade constitutiva – era esse o ponto em que se encontrava a pesquisa do filósofo quando a sida o veio buscar.

Depois dele, mas ainda perto, Gilles Deleuze constata que Maio de 68 permitiu aquilo que a História, esta história particular, forneceu no terreno das ideias e do pensamento: o deslize de um mundo para outro.

Ele afirma que depois daquela primavera é preciso distinguir “o futuro das revoluções na história e o devir revolucionário das pessoas”.

Em seguida, convida-nos a extrair as conclusões e as consequências desse saber, de forma a acreditar e a celebrar – lição par uma mística de esquerda e para uma ética libertária – o devir revolucionário das pessoas “que é a única coisa que pode conjurar a vergonha ou responder ao intolerável.”

Nem humanismo, nem direitos do homem, nem caridades associadas, nem regresso às grandes virtudes proclamadas e reiteradas segundo o modelo da dança dos “dervixes”, a filosofia radical quer um efectivo poder de acção e não uma compixão moralizadora, verbal e verbosa, estéril e esterilizante.

Já chega de declarações cúmplices do realismo político quando tudo, à hora actual, exige um nominalismo praticado pelos nietzscheanos, pois eles sabem que as palavras não são actos, os verbos não são gestos, nem a retórica é uma política.

Mio de 68 desmoronou  Universidade construída segundo o modelo do século XIX. Deitada abaixo essa espécie de Bastilha, começava o trabalho.

E, onde pára hoje o trabalho dos recém-licenciados, dos jovens que gastaram cerca de 17 anos a queimar as pestanas e a coçar as cadeiras ou bancos desses estabelecimentos de ensino? Onde está o “retorno” de todos os esforços dos pais que se sacrificaram para que seus filhos pudessem possuir uma esperança no futuro?

Que futuro podem esperar os jovens portugueses com políticas como as actualmente praticadas? E os velhos, que contribuíram toda uma vida par agora se depararem com todos os roubos cometidos pelo governo liderado pelo “heróico primeiro-ministro” que se limita a aplicar sempre mais medidas de austeridade?


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