Em relação e em contacto com outras individualidades
soberanas, permite o esboço de uma civilização susceptível de ultrapassar a
episteme clássica.
Através de uma relação pacificada, hedonista,
liberatória e jubilatória, o contrato, a associação segundo o modelo
sinalagmático, fornece a legítima autoridade fundadora.
Nessa altura, o jogo de forças inflecte-se
menos no sentido de Tanatos, como foi o caso na época da sujeição, do que na
direcção de Eros, por e para ele.
O poder, que os desejos se disputam,torna-se
uma força empregue par procurar prazeres e para os obter.
Menos bárbaro, selvagem e brutal do que
civilizado, refinado e cortês, o regime ético que Foucault desejava nos seus
últimos livros define o ideal contemporâneo.
Que uma mística de esquerda possa tender para
a realização de um modelo de subjectividade e de intersubjectividade,que a
política se apoie num ética,que as máquinas sociais estejam menos em
contradição com os indivíduos e mais numa relação de complementaridade
constitutiva – era esse o ponto em que se encontrava a pesquisa do filósofo
quando a sida o veio buscar.
Depois dele, mas ainda perto, Gilles Deleuze
constata que Maio de 68 permitiu aquilo que a História, esta história
particular, forneceu no terreno das ideias e do pensamento: o deslize de um
mundo para outro.
Ele afirma que depois daquela primavera é
preciso distinguir “o futuro das revoluções na história e o devir
revolucionário das pessoas”.
Em seguida, convida-nos a extrair as
conclusões e as consequências desse saber, de forma a acreditar e a celebrar –
lição par uma mística de esquerda e para uma ética libertária – o devir revolucionário
das pessoas “que é a única coisa que pode conjurar a vergonha ou responder ao
intolerável.”
Nem humanismo, nem direitos do homem, nem
caridades associadas, nem regresso às grandes virtudes proclamadas e reiteradas
segundo o modelo da dança dos “dervixes”, a filosofia radical quer um efectivo
poder de acção e não uma compixão moralizadora, verbal e verbosa, estéril e
esterilizante.
Já chega de declarações cúmplices do realismo
político quando tudo, à hora actual, exige um nominalismo praticado pelos
nietzscheanos, pois eles sabem que as palavras não são actos, os verbos não são
gestos, nem a retórica é uma política.
Mio de 68 desmoronou Universidade construída segundo o modelo do
século XIX. Deitada abaixo essa espécie de Bastilha, começava o trabalho.
E, onde pára hoje o trabalho dos
recém-licenciados, dos jovens que gastaram cerca de 17 anos a queimar as
pestanas e a coçar as cadeiras ou bancos desses estabelecimentos de ensino?
Onde está o “retorno” de todos os esforços dos pais que se sacrificaram para
que seus filhos pudessem possuir uma esperança no futuro?
Que futuro podem esperar os jovens
portugueses com políticas como as actualmente praticadas? E os velhos, que
contribuíram toda uma vida par agora se depararem com todos os roubos cometidos
pelo governo liderado pelo “heróico primeiro-ministro” que se limita a aplicar
sempre mais medidas de austeridade?
Sem comentários:
Enviar um comentário