Poderão considerar,
agora, que as palavras e frases usadas, e dado todas as causas que dependem
mais do médico que do moralista, e se nos esforçarmos por firmar um diagnóstico
mais psicológico que médico, de imediato nos apreceberemos da inextricabilidade
do problema.
É quase impossível,
salvo extraordinária perspicácia e experiência incomum, determinar, com alguma
exactidão o que faz de um político aquilo que popularmente se designa por “besta
quadrada”!
(Quando se usam
termos populares acerca de uma realidade, triste mas realidade, ninguém deverá
poder sentir-se ofendido pelo uso desses termos). Aliás, nunca foi ou será essa
a intenção, a de “ofender” seja quem for, antes pelo contrário, trata-se do
reconhecimento da tal triste realidade. Assim como ninguém se ofende de passar
de “besta a bestial”, também o não deve fazer agora.
Será que pretendo
referir-me a todos os políticos? Em princípio sim, mas… sempre existem
excepções em tudo na vida.
Medicamente falando,
somente agindo sobre a causa, e no limite do possível eliminando-a, é que
provocaremos uma cura durável e evitaremos recaídas.
Sejam, por exemplo, A
e B. O primeiro, mediocremente dotado, mas muito consciente de si mesmo,
estuda, aliás sem sucesso. Se frequentasse a escola, voltaria para casa com
resultados escolares que não corresponderiam nem à expectativa, nem ao seu real
esforço.
A data de uma
composição, de um exame, provoca uma crise de mau humor, de cólera, de azedume,
que, por isso, se repete. Será que o A é
estúpido, atrasado mental ou oligofrénico? Mas, como poderá sê-lo se alguns
acreditam no que diz e faz, como sendo do melhor que pode haver na sua
especialidade?
Os cidadãos, muito
inteligentemente, não o censuram em nada, relativamente às suas tarefas. Por
incapacidade? Como seria possível se o faz muito inteligentemente? Não! Os
cidadãos sabem que aquele político, que por acaso até é “doutor”, nem que
possua apenas o terceiro ciclo liceal como habilitações literárias e assim deve
ser tratado, como foi o caso saído em Diário da República referente à nomeação
de mais um “boy”.
Mas, falemos um pouco
do B, letra que nada tem a ver com Bestial ou Burro/a, antes a Bom ou Boa, e
como as há boas por aí..!.., apenas usado como mera hipótese simples.
Sabem todos que até
aí, tudo certo! Mas as bestas de carga – povo simples e singelo, de brandos
costumes, o melhor do mundo – recordam-se? – encontra aí uma compensação
psíquica do seu orgulho ferido. Vai daí, desata a desabafar, usando o vernáculo
que recuso.
Porque aí, encontra a
consciência do seu valor intrínseco nesse determinado campo, usa de sinónimos e
de metáforas, enquanto nem o A nem o B admitem nenhuma crítica, não tolera
qualquer alusão a uma falha, mesmo possível, se encoleriza, faz cenas
terríveis.
Mas, o idiota e parvo
do povo, apesar de tudo constata que o país não avança, podendo cair mesmo numa
certa indisciplina, logo punida severamente pelas forças da ordem e seriamente
criticado por todos os AAA e BBB que povoam este cantinho político e social.
A verdadeira causa
estava num amor-próprio ferido, que a legítima procura de outros sucessos,
noutro campo, compensava. Para evitar o retorno cíclico dessas crises de
indisciplina, era desse amor-próprio que se devia cuidar.
Proibir-lhe toda a
actividade económica e social, profissional até, era anular o único aspecto são
de uma vida psíquica prestes a desmoronar-se. O que foi conseguido.
Desejo a todos os AAA
e BBB as maiores felicidades, esperando que se os AAA não puderem, que o
consigam os BBB!
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