Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

«O DEBATE SOBRE A SÍRIA ELECTRIZA A ASSEMBLEIA NACIONAL FRANCESA»

A sala das Quatro-Colunas, onde se encontram os deputados e a imprensa, não viu muitas vezes tantas televisões estrangeiras: Arábia Saudita, Irão, Tunísia, Colômbia, Grâ-Bretanha, Rússia, China, Japão… também a portuguesa; todos os olhares pareciam estáticos na Assemblea Nacional Francesa, onde o primeiro-ministro foi explicar a posição do governo sobre a questão síria.

Uma hora antes da tomada da palavra pelo PM Ayrault, os deputados afluiram, como os jornalistas, dando a impressão de que formaram mais que uma massa, correndo por todos os lados. Nenhum deles, deputados, fugiu às linhas dos seus partidos, face ao terrível explosivo que é a Síria, afirmando alguns ser necessário respeitar o direito internacional, não intervir sem mandato das Nações Unidas.

De todos os lados, porém, surgiam opiniões graves e diferentes, afirmando uma maioria que se deveria seguir a via diplomática, até porque se vai causar um mal maior, a guerra e a morte de crianças inocentes. E, de qualquer modo, não está provado o uso de armas químicas por parte das forças de Bachar al-Assad.

A comunidade internacional deverá sempre respeitar as Nações Unidas e suas decisões, o que não acontece mais uma vez, lançando o descrédito sobre a Instituição internacional. Não existem provas de que se usaram armas químicas, como s não havia em relação o Iraque, e os países ocidentais que decidiram atacar a Síria, pretendem apenas provocar mais uma guerra, não olhando a meios par tingirem os seus fins.

Eis que surge um deputado que afirma que o presidente François Hollande não poderá manter durante muito tempo as suas posições, e todos os franceses ficarão numa situação periclitante e muito perigosa.

Um outro deputado diz não fazer sentido uma discussão sem voto e que se trata da evolução da democracia, seja ela parlamentar ou presidencial, como nos Estados Unidos: o voto dá uma legitimidade à intervenção da França, que não deveria intervir sobretudo após a experiência no Iraque, onde não havia quaisquer armas químicas, as de destruição massiva.

Ora, nunca constou que o regime sírio fabricasse ou importasse armas químicas, pelo contrário, sempre afirmava ser necessário reiterar o seu não uso. E, de qualquer modo, não haverá uma solução durável de saída da crise, que não passe pela política diplomática, sendo necessário implicar todas as partes, Irão, Rússia e China no jogo das discussões, pois trata-se da estabilidade no Médio Oriente.

Será necessário ver que se não trata de uma intervenção para estabelecer um regime, para desestabilizar uma região e substituir uma tirania por outra pior, como já aconteceu recentemente.


No Hemiciclo, após os fortes aplausos dos deputados socialistas, caiu forte e prolongado silêncio, esperando pelo discurso de Ayrault. O tom cerimonioso, olhar e atitude grave. Palavras como “agonia”, “cadáveres de crianças”, “morte silenciosa”, “drama”, “terror”, encadeiam-se no fluxo que deixa a Assembleia muda… alguns minutos.

Mas, subitamente, alguém se levanta e evoca a guerra contra o Iraque, gritando que todos os motivos apresentados se basearam em mentiras e mais mentiras, tal como hoje, desconfiando-se mesmo de que tudo não passa de um plano traçado pelos americanos.

São retomados os murmúrios do costume por parte de socialistas e da UMP, criticando que a esquerda não ouve a direita, ouvindo sim a extrema-direita, recusando mesmo ouvir o que diziam, abandonando o hemicíclo, o que aconteceu também quando tomaram a palavra os comunistas.

Por parte dos socialistas de Hollande e dos adeptos da UMP só a sua opinião conta, mesmo se a curto prazo os cidadãos franceses poderão viver graves momentos de terror na sua própria casa.

L.A.V.






Sem comentários:

Enviar um comentário