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domingo, 1 de setembro de 2013

«OS BURGUESES DO PAÍS MILENAR…»

Na praça pública do país vencido, faminto e sem emprego, os burgueses deliberaram. 

Para salvar o país da ruína e seus concidadãos da morte, da miséria e da fome, decidiram fazer o sacrifício da sua vida, indo entregar o seu contributo ao seu amigo, líder do governo. Antes de tomarem tal decisão, inesperada, estiveram com o presidente da República, a quem deram conhecimento da sua decisão.

Um monumento no meio da praça, assiste a um milagre de execução, que no instante preciso deste heroísmo, unicamente aceite pelos burgueses e também pelo presidente, que pretendia juntar-se-lhes sem todavia poder fazê-lo, uma vez que também ele tinha sido vítima dos cortes efectuados pelo governo.

A coisa havia sido diferentemente sentida, segundo a diferença dos carácteres que agiam no drama nacional daquele país.

Os velhos, descarnados pelas longas privações, levantaram-se bem alto, quase provocantes, ou resignavam-se nobremente.

Os jovens voltaram-se na direcção da cidade, deixando atrás deles, num supremo olhar, o lamento desta vida apenas começada e da qual não conheciam que algumas alegrias burguesas.

E o movimento, as atitudes, as expressões foram de tal modo recheadas de um sentimento humano tão verdadeiro que, por trás do grupo, pronto a colocar-se em marcha rumo ao palácio onde se encontrava o líder do governo, deixando ouvir realmente o murmúrio de algumas pessoas que os encorajavam e que choravam, gratas, aclamando-os.

Nenhuma outra complicação, nenhuma preocupação cénica no grupo; nenhuma alegoria, nenhum atributo. Tratava-se de uma parte da burguesia.

Apenas formas expressivas e belas, tão expressivas que se tornaram, verdadeiramente, estados de alma.

Os burgueses partiram rumo ao palácio, e o drama sacudiu todos aqueles que puderam apreciar aquele gesto, sendo abalados desde a nuca aos calcanhares. Surgiram lágrimas, talvez de reconhecimento, nos olhos dos que a tudo assistiram.

O que faço pelos burgueses desse país milenar, pode ser feito por cada figura da burguesia. O seu génio, não é penas de nos terem mostrado como se pode ficar imortalizado, é o de o terem feito do modo como o fizeram, dando uma demonstração da sua admirável arte de tudo quanto deles desconhecíamos.


Do modo como eles agiram, do modo como estão a agir, não há povo que passe fome, que conheça a miséria; simples detalhe que exprime a maneira concreta da classe social a que pertencem os burgueses daquele país!

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