Essa verdadeira degradação dos princípios
intelectuais e do comportamento moral da população, é ainda mais chocante na atitude
religiosa dos políticos, que nunca admitiriam o que quer que fosse junto da
cidadania, como junto deles próprios.
Desde tenra idade que os pais ensinaram a
seus filhos o essencial sobre a religião, base fundamental para dar que pensar
às crianças. Providenciaram que esse primeiro ensinamento fosse completado e
intensificado. Mas perceberam suficientemente que o que minou os princípios
intelectuais e morais, dentro dos quais deve viver uma família, corrói, também,
todos os dias, e sem que haja nisso, explicitamente, culpa sua, aquele bem
familiar mais precioso que todos os demais.
Porquê? Porque formam a base de
comportamentos na escola e na própria sociedade para o resto da sua vida,
embora muitos, mais tarde, tentem esconder-se atrás de um “manto de santidade”
e, quanto mais falam de religião, de fé,
mais lesam o seu semelhante.
Om aspecto do tempo é laico. A época é
neutra. Muitos maus fermentos corrompem a consciência, que ainda é a melhor,
senão a única, garantia dos bons costumes.
Mas, que querem? Vivemos ao sabor da
comodidade, do conforto, da condescendência, que são incompatíveis com aquela disciplina de espírito e dos
sentidos, aquela austeridade moral e material, aquele entendimento da
imaginação e do coração sem os quais a vida sobrenatural, e com mais forte
razão o seu desenvolvimento, é impossível.
Fazemos todos os gestos que a religião prescreve,
mas esquecemo-nos da alma. Contentamo-nos com os ritos, sem lhes compreender o
sentido. Basta-lhes o exterior, porque o interior os molesta, senhores
políticos.
Daí decorrem, desde que sobrevêm as primeiras
grandes perturbações quer da idade quer da “posição social”, sobretudo desta,,
não somente o enfraquecimento do espírito, mas o abandono das boas práticas.
Acontece a corrupção, os altos interesses e, para os atingir, de que importam
os meios?
Aquilo a que apenas se conferia um primado de
convenção, de hábito ou de conveniência, praticamente não resiste a outros
atractivos, mais tangíveis e mais imediatamente aproveitáveis.
O dinheiro solicita-os, assim como o prazer,
que encontra a sua fonte toda natural no dinheiro.
E depois? Depois, nascem esses desalmados
políticos que inventam épocas difíceis, mas cuja dificuldade se remete apenas
ao povo, composto por crianças, mulheres e homens que se vêm obrigados a apenas
sobreviver miseravelmente.
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