Pudemos ver nos dois últimos dias, um povo à
mercê de alguns, uma mega-operação mediática e de propaganda e que – o povo –
uma vez mais teve a oportunidade de manifestar os seus sentimentos, pedindo a
demissão do actual governo.
Assistimos também, ouvindo um discurso
repleto de falsidades – pela voz do presidente da República – que uma vez mais
pretendeu classificar os cidadãos de ignorantes, desmemoriados. Foi bonito ver
todos aqueles militares a desfilar pelas ruas de Elvas, como foi muito bonito o
acto das condecorações a quem as não merecia, de modo algum.
Gostei de ver como o presidente da República
colocava aqueles penduricalhos ao pescoço ou no peito dos laureados por tudo o
que deviam ter feito e não fizeram, faltando apenas ao presidente dizer-lhes
que deveriam usar sempre ou no uniforme ou na lapela, ou mesmo sobre o peito
daquelas que também foram condecoradas.
Será que, com tanta “medalhagem” não se
está tornar Portugal um país sem lei? É
que tudo o que se passou nos dois últimos dias nõ passou de uma mera e
pirotécnica opereta bufa de engana tolos.
Ora, na contramão de semelhante palhaçada, o
povo amarga com a incompetência e todo esse cinismo daqueles que fingem brincar
aos bons e aos menos bons ou assim-assim.
Quase se podia ter visto no local de Elvas uma
avenida da aerolândia, vendo-se todavia
todos esses oficiais dos três ramos das Forças Armadas receberem aquelas
honrarias depois de ouvirem falar de
agricultura mas não de pescas e muito menos de todo esse flagelo – o desemprego
– que tanto aflige os portugueses.
Entretanto, através das televisões podiam
ver-se alguns drogados, inebriados, extasiados que seguidamente ouviam os
comentários dos habituais detractores ou apoiantes do actual presidente e
também do actual governo, embora poucos, é verdade.
De entre os apoiantes, uma deputada da
maioria, habitual bajuladora de todos quantos pretenção a essa mesma maioria e
que um destes dias, e antes seja mais cedo que tarde, se limitará a desdizer-se
de tudo quanto tem afirmado, limitando-se a explicar que “algo correu mal”.
No estacionamento, todos aqueles carrões bem
novinhos usados na “Operação Palhaçada Pura”, feita com todo o orgulho pela
briosa polícia que conseguiu dar, também ela, um show digno da swat.
Como sempre em Portugal, voltamos mil e uma
vezes ao local e, em cinco minutos todos podiam retirar todas as ilações
suficientes para se assegurar que efectivamente, sempre existem alguns
brincalhões em Portugal.
Como admirei aquelas falsas vénias, primeiro
ao dador das medalhas, depois ao “respeitável público assistente” e depois àqueles
que se mantinham sentados no palanque improvisado para o efeito, numa
demonstração cabal de pura hipocrisia que tanto tem lesado os cidadãos portugueses
que nem sequer foram lembrados, sobretudo aqueles que sempre lutaram contra a
ditadura fascista. Será que alguém foi condecorado a título póstumo?
Estupefacto, o povo viu algo inédito, apesar
de se repetir todos os anos nos locais escolhidos, por aqueles que providenciam
a adopção de uma vida política sem qualquer elegância, tornando-se ridículos
aos olhos do povo português.
Mesmo sabendo que nada adiantarei, dado o
horror que sente a todo o acto eleitoral, sobretudo se antecipado, deixo aqui
uma sugestão. “senhor presidente da República: por favor não brinque connosco
nem nos ofereça mais showzinhos cínicos que levam milhões de euros que tanta
falta fazem para dar de comer, comprar medicamentos para todas essas crianças e
todos esses velhos que mal podem alimentar-se com uma refeição diária,
enquanto os eleitos e os convidados e laureados se banqueteiam.
Não gostaria de ver esses Wyatt Earp, Búfalo
Bill, Billy the Kid ou Jesse James convidados para limparem o país há séculos
chamado Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário