Deveremos considerá-los “os profissionais da
política” ou, pelo contrário, deveremos recusar votar naqueles que decidiram manter-se
na política desde 1976, viciando-se e fazendo com que outros se viciem? Será que
queremos renovar, refrescar todo o sistema político ou mantê-lo tal como está e
permitir quer se vá deteriorando inexoravelmente?
Há deputados que se mantêm na Assembleia da
República desde as primeiras eleições livres, que nada mais sabem fazer na vida
que sentar-se na sua bancada, quando não decidem mudar-se para outra e que são
a causa de tudo quanto de mal acontece politicamente em Portugal.
Realizar-se-ão em Setembro as eleições autárquicas
e, apesar das leis paridas nesse sentido, aqueles que deveriam ficar de fora
durante um mandato de nojo, são aqueles que mais protestam contra as leis que
exigem esse nojo.
Todos os políticos devem estar sujeitos a um
limite de mandatos, tal como o presidente da República e de certo modo o líder
do governo, os autarcas, mas eles não querem perder as mordomias (tachos).
Discute-se um pouco por toda a Europa o
problema da limitação dos mandatos, tendo sido sugerido, (um tanto
ironicamente), a tiragem à sorte, desde que não coincidente, ou seja, desde que
certos nomes não possam fazer parte do sorteio, para a eleição de novos deputados
e, quando o proponente explicou sua
ideia, tornou-se alvo de risos cínicos no Parlamento belga, mas falando-se da
ideia também em França e na Holanda, e
nos países onde a corrupção avança desenfreadamente.
Veja-se como nada ligam às decisões dos tribunais
o candidato ao Porto e o candidato a Lisboa nas próximas autárquicas, dando
novas interpretações às leis que os deputados aprovaram na AR, mas que eles
pretendem pontapear para canto.
O sistema dá mostras de apodrecimento, as
vicissitudes aumentam, também a corrupção e os “entendimentos” de que se torna
necessário rever a lei, mas, enquanto o pau vai e vem, folgam as costas, ou
seja, eles agarram-se como lapas aos tachos em que se viciaram.
Se a política deveria ser considerada a arte
nobre de servir o país, tornou-se, com estas lapas, uma arte degradante de
servir quem nela se aloja sem limite de mandatos.
Ora, se o povo respeita democracia votando todos os quatro anos, mas
quase sem poder de escolha, isto é, se vê obrigado a votar sempre nos mesmos
que pretendem comer ainda mais, é a própria democracia quem sai altamente
lesada, ao mesmo tempo que lesa também os próprios eleitores, que se vêm de
mãos atadas face a leis que se tornaram rapidamente obsoletas.
Os portugueses deveriam poder esperar mais e
melhor dos tribunais, que ora dão razão a quem contesta, ora a dão aos “super-candidatos”
que de modo algum pretendem perder os tachos.
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