Para as insatisfações dos que presidem e
governam o país, têm eclodido manifestações sociais massivas, com a colaboração
estreita das duas principais centrais sindicais, com a presença da juventude e
dos mais velhos, que tantos sacrifícios fizeram durante a maior parte da sua
vida laboral e que hoje são espezinhados pelo actual governo.
Como há tempos não acontecia, a política
nacional tem vindo a ser pautada por vigorosos protestos nas ruas, voltados
contra o desemprego, carestia de vida, a
diminuição salarial, a reivindicação por melhores serviços públicos nas áreas da
saúde, da educação, na mobilidade urbana, mas também contra a corrupção.
Face a tais acontecimentos, o governo e a
presidência preferem manter um estrondoso silêncio, tentando fazer tábua rasa
da voz que se levanta nas ruas e, como é ano de eleições autárquicas e apesar
do “que se lixem as eleições”, e apesar do aumento do défice, até já promete
baixar aos impostos.
Entretanto e face às tentativas de
enxovalhamento, já o líder da CGTP rechaçou os actos de violência e “tentativa
de bloqueamento da Ponte 25 de Abril”, que nada têm a ver com o brio e o
espírito patriótico que campeia nas hostes comunistas.
Todavia, existe tremenda vontade de difamar tudo quanto seja
comunista, o que pode esconder gente paga para organizar esses reprováveis actos,
ou então, em última instância, imputá-los aos “anarquistas”…
No dia 27 de Junho, as forças policiais
empreenderam uma truculenta repressão contra os manifestantes, em número elevado
– 226 – que supostamente e segundo a ideia (opinião) do líder das forças
repressivas pretendiam criar um bloqueio na Ponte 25 de Abril, pelo que foram
conduzidos ao tribunal e mandados regressar no dia seguinte, para mais tarde
tudo ficar adiado para Julho.
À medida que se configuram como um movimento
espontâneo, mais convém, de modo oportunista, “assumir o comando” de tal
manifestação, suposta manifestação de bloqueio à ponte, manipulando o significado
e procurando direccioná-la para militantes comunistas e, se possível dando
guarida a deploráveis actos de agressão que bem podem ser promovidos por
grupelhos da extrema-direita.
Objectivamente, pelo eco em Portugal mas
sobretudo no estrangeiro, as manifestações transbordaram das ruas para o cerne
da política nacional.
Em razão disso, o presidente da República
continua a brilhar pela ausência, ou seja, por se acomodar comodamente por trás
de mais um silêncio a que já nos habituou, e o governo liderado pelo senhor
Pedro, neste caso imita-o muito bem.
Em vez de se dirigir aos cidadãos num
importante pronunciamento, destacando correctamente que quer as greves quer as
manifestações “mostram força da
democracia”, cobardemente encolhem-se e limitam-se ao silêncio, deixando no ar
as dúvidas que de imediato são aproveitadas, sem proveito até agora, pelos que
firmam governar Portugal.
As greves e manifestações fazem parte do
legado das últimas quatro décadas; um população que se levanta, disposta a
lutar pelos direitos e por um Portugal melhor, as ruas dizem que as conquistas
iniciadas em Abril de 1974 não podem parar e que as mudanças precisam de ser
aceleradas, voltando a dar ao povo o que só ao povo pertence para poder superar
as tremendas desigualdades sociais fabricadas em apenas dois anos de tormentos.
As grandes mobilizações das massas populares
criaram uma situação política nov, cujo desfecho está ainda por acontecer, mas
que já exige mobilização e acção do campo político democrático e popular de esquerda,
para que efectivamente avancem as mudanças que tõ necessárias se tornam nos
dias de hoje.
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