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sexta-feira, 28 de junho de 2013

«O ARCO DO EDIFÍCIO HUMANISTA»

Com a experiência que nos vem de desde há dois anos, conhecemos o arco principal do edifício “foucaultiano” que apresenta, por um lado, a condenação do humanismo clássico.

Quantos gritos e mal-entendidos, quantos processos de intenção e erros de interpretação, sobre estas duas questões! Alguns, na maioria armados em anglo-saxónicos e, entre a parvoíce e a imbecilidade, a malevolência ou a asneira sem fundo, colocaram em perspectiva estas duas teses e as misérias do século – fome, miséria, desemprego jovem e menos jovem, de casais com ou sem filhos…

Ossários, verdadeiros campos de concentração, condenação do pensamento e pelo pensamento. Fim do sujeito? Morte do homem? Mas, não houve há relativamente poucos anos a condenação dos regimes totalitários e a legitimação da flutuação dos integrismos na história?

Nada foi, portanto, poupado àqueles que armados em filósofos em matéria de leituras sumárias limitadas às revistas onde, desde há um certo número de anos, acampam as reflexões autorizadas.

Outras críticas, mais finas, dotadas de “melhor argumentação”, mas tão desejosas quanto as anteriores de arredar tais pensamentos,  fim de instalar os seus sofás na direcção da história em voga, fustigaram o líder do actual governo de Portugal acerca desses dois pontos, tratando de demonstrar como, com semelhantes opções teóricas, não se podia fundar um filosofia política, uma teoria do direito, ou até uma simples e pura reivindicação metafísica ou ontológica.

Desaparecido o sujeito clássico, não se pode, evidentemente, nem fundar, nem legitimar, um ideologia apoiada nas religiões dos direitos do homem e no individualismo liberal. Em compensação, tendo ficado o lugar bem nítido, pode encarar-se uma nova figura, um novo direito, uma nova filosofia política e até uma nova intersubjectividade.

Ao libertarem-se das antigas categorias, os modernos proibiram-se, infalivelmente, de quaisquer possibilidades de construir uma antiga ordem. Mas que interesse teriam em destruir aqui, para reconstruir a mesma coisa acolá?

Em vez de perguntarmos a Pedro, se perguntarmos directamente a Frau Merkel, que jamais se sacrificou à ética obrigatória da fundação e da legitimação, que, dizem mais respeito aos tópicos kantianos, recusará responder, pois, na opinião “deles”, a genealogia, que leva em linha de conta as forças, deve suplantar qualquer construção arquitectónica da razão pura ou prática.

E é por tal motivo que os nossos mais proeminentes políticos da actualidade, que todavia nada valem, se têm visto obrigados a “nadar” durante todo o rigoroso inverno que se viveu e que nunca souberam explicar aos portugueses as razões de todas as suas ambiguidades, preferindo soltar núvens, verdadeiras cortinas de fumo, telas colocadas entre a miséria das pessoas e os locais onde se fomenta a sua alienação, estes dois edifícios supremos do empreendimento burguês servem para desactivar qualquer desejo de acesso ao poder por parte daqueles que, explorados, alienados, dele são privados e que sofrem os seus efeitos perversos.


O humanismo dos direitos do homem age segundo o princípio de uma máquina destinada a captar energias revolucionárias para as transformar em compaixão, simpatia, condolência e outros sentimentos que não permitem atentar contra  ordem do mundo, ao qual devemos, contudo, a genealogia das misérias sujas.

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