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domingo, 30 de junho de 2013

Agentes da PSP presos esta semana cobravam 100 a 200 euros

Dois dos três agentes da PSP que foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de corrupção – num esquema que envolve outros três agentes e centenas de empresários – continuaram a receber subornos mesmo depois de terem sido afastados do Departamento de Armas e Explosivos, em Janeiro do ano passado, quando começou a investigação.

Ao que o SOL apurou, os polícias intitulavam-se agentes fiscalizadores daquele departamento e, nessa condição, faziam inspecções ‘paralelas’ a industriais e donos de pedreiras, quase sempre fora do horário de serviço. O desfecho era quase sempre o mesmo: recebiam contrapartidas em dinheiro dos empresários e, em troca, fechavam os olhos a infracções (carga explosiva em excesso ou mal acondicionada).

Pelo menos por duas vezes foram encontrados em acções de fiscalização quando estavam fora de serviço, o que levantou suspeitas dentro da PSP. O então director do departamento, Francisco Bagina, comunicou as suspeitas ao Ministério Público em finais de 2011, quando recebeu também denúncias de operadores pirotécnicos e de explosivos.
Durante pelo menos quatro anos, os seis polícias favoreceram empresários de várias maneiras. Umas vezes avisavam-nos que iam ser alvo de fiscalizações. Mais tarde, passavam no local e cobravam a comissão.

Outras vezes, faziam crer aos industriais que conseguiam obter documentos e facilitar os licenciamentos. Este esquema terá rendido milhares de euros. Se no início os favores eram pagos com almoços e jantares, mais tarde a relação de confiança deu lugar `s ‘luvas’: de cada vez, cada polícia recebia no mínimo 100 a 200 euros. Quando recebiam mais chegaram a fazer depósitos de 300 e 400 euros. Mas nenhum aparentava sinais exteriores de riqueza. As quantias eram gastas em roupa, jantaradas e diversão nocturna.

Mal arrancou a investigação, a cargo da PJ, dois agentes foram transferidos – para a divisão de Loures do Comando de Lisboa – em Janeiro de 2012. Outro saiu em Junho. No departamento, mantiveram-se até hoje três colegas (dois trabalham ali há dez anos). Os seis, todos agentes principais, são suspeitos de corrupção passiva para acto ilícito e três ficaram em prisão preventiva. 

Todos foram alvo de processos disciplinares.

Até agora, cerca de 50 empresários, todos operadores de explosivos e do Norte do país, foram constituídos arguidos no inquérito, conduzido pela 9.ª secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.

Desde o início da investigação, a PSP colaborou com a PJ, fazendo diligências e enviando informação. No dia das buscas, o acesso aos emails de serviço dos arguidos foi feito a partir deste departamento da PSP.



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