Sob o título de “Respeito pelos mestres”,
inicia todo um churrilho de falsos elogios, considerando os professores pessoas
dignas, profissionais competentes e responsáveis…
Todavia, logo de seguida dá início às tergiversações,
afirmando ser necessário tentar compreender semelhante comportamento, optando
pelo instrumento da greve, que anda agora muito desvirtuado em seu entender.
Divaga amplamente sobre quem deve poder
recorrer á greve, esquecendo-se de que, durante muitos e maus anos, os
professores, como todos os portugueses lutaram, muitas vezes pagando cara ousadia de se enfrentarem com o ditador ou
seus esbirros para tentarem conseguir não apenas a sua, mas a liberdade de todos
nas questões sociais e laborais.
Também em seu entender, e também na sua adulação ao actual governo –
que se recusou a dialogar com todas as “armas” sobre a mesa, afirma que o uso
actual da greve é como uma arma política nas mãos de sectores protegidos e que
no nosso país, quem a utiliza são, por outras palavras quem deveria simplesmente
obedecer à tutela.
Para o senhor César das Neves, os funcionários
têm ultrapassado o grau da razoabilidade, causando conflitos irresponsáveis. E,
no caso dos professores, acusa-os de usar os alunos como reféns dos seus
interesses particulares, e, muito possivelmente, louvará o ministro Crato e
seus auxiliares por se comportar como mais uma secção do ministério das
finanças e não como ministro da educação.
Embora tenha professores na família e também
entre as minhas amizades, não é por tal motivo que os defendo, mas porque
merecem ser defendidos. E sem entrar no “dize tu, direi eu”, o senhor César das
Neves deveria comportar-se com mais atenção ao que escreve, pois quem
demonstrou arrogância, insensibilidade e oportunismo foi precisamente a parte
contrária, isto é, o gabinete do ministro Crato.
Pergunto-me a mim próprio de terá verdadeira
noção do que escreveu e, sem colocar em causa o direito que lhe assiste de usar
as cores que entender, se limitou a dr um tiro nos pés, até porque:
«A obediência dos povos alimenta a fome dos
políticos», fome essa só saciada quando conseguem pisar e repisar aqueles que “devem
limitar-se a obedecer”, estando mesmo convencido que alguns trabalhadores, em
seu entender, devem limitar-se a fazer o seu trabalho, sejam quais forem as
condições que lhes oferecem, sem qualquer respeito por eles.
Nunca uma classe profissional ficará manchada
por organizar e aderir a uma greve, especialmente nas condições em que hoje se
vive em Portugal, com um governo que se imagina a si próprio como “o
todo-poderoso” a quem todos devem obedecer cegamente.
Os governos passam e quer os trabalhadores
quer o país ficam e, em muitos casos são esses mesmos trabalhadores quem faz a
história, não os políticos.
Desconheço se o senhor César das Neves tem
filhos. No entanto, deve saber que
educação deles começa em casa e que a escola deve, nas pessoas dos
professores, dar continuidade a essa educação, por vezes alterar rumos e
ensinar-lhes as matérias que em casa são, muitas vezes desconhecidas.
E, sim, os professores, como grande generalidade dos portugueses vivem em
crise profunda e que todos eles são pessoas sérias e responsáveis, além de
seres humanos com todos os direitos consagrados na Magna Carta.
Tudo o demais deve merecer o desprezo dos
professores como também dos pais e dos próprios alunos que compreenderam, eles,
as razões que levaram os professores, «Os Mestres», a recorrerem à greve.
Mas, certamente que sei que há algumas
pessoas que adoram “idiotar” desde há alguns anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário