Protestos
integrados em manifestações em várias cidades europeias tiveram menos
participantes do que em iniciativas anteriores.
Centenas juntaram-se ao protesto em Lisboa
Em Lisboa e no Porto, gritou-se “FMI fora daqui”. Mas não com
tantas vozes como em manifestações anteriores contra as medidas de austeridade.
As duas
maiores cidades do país juntaram-se a várias outras na Europa, num protesto sob
o lema “O povo unido contra a troika”.
No Porto, foram mais de mil os manifestantes. O protesto,
promovido pelo movimento Que se Lixe a Troika, contou com outros grupos como os
Precários Inflexíveis, a Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados
(Apre!) e a Associação Internacional de Trabalhadores. Um vasto grupo de
professores, encabeçado por uma faixa onde se lia “Em vez da banca, por que não
resgatar o ensino público?”, esteve também presente no protesto, que começou
pelas 15h30 no Campo Mártires da Liberdade, na Cordoaria.
As fileiras do protesto foram depois engrossando à medida que o
desfile percorreu os Clérigos, desceu até à Avenida dos Aliados e subiu até à
praça em frente à Câmara Municipal do Porto.
“FMI fora daqui”, “Governo para a rua” e “O Povo unido jamais será
vencido” foram algumas das palavras de ordem que marcaram o protesto. A
manifestação foi, porém, mais patenteada pela palavra “demissão”, dirigida ao
Governo e ostentada em centenas de cartazes.
Tomé Rodrigues, cinco anos, ostenta vigorosamente um megafone
decorado a preceito. Dispara a palavra “demissão” repetidamente. “Eu quero que
o Governo se vá embora”, diz de uma só vez ao PÚBLICO. Paulo Rodrigues, pai e
professor de Educação Física explica: “O meu filho já deve ter mais
manifestações que muitos adultos. Mas só vem porque quer. Sou professor e não
sei se terei emprego para o ano”.
No protesto, marcaram presença pessoas de todas as idades. Um
pouco mais à frente, Crescença Augusta, padeira reformada de 77 anos,
concretizava o seu desejo num cartaz com um conselho em inglês: "troika go home". “Sei
exactamente o que isto quer dizer, meu filho. Quer dizer troika vai para casa. Aquela menina
ali à frente apanhou-me aqui [Clérigos], deu-mo, explicou-me o que queria dizer
e agora merece que o leve. Agora tenho de ir até ao fim do protesto e vou”,
diz.
Palhaços no protesto
No desfile até à Câmara do Porto, destaca-se um grupo de cinco palhaços. “Somos nós que estamos a ser roubados. Esta manifestação é contra a troika e contra o saque que estão a fazer. Estamos a pagar a tipos que nos estão a roubar. No fundo, nós é que somos uns palhaços”, diz Paulo Gonçalves, de 33 anos. Numa mão empenha um cartaz a dizer “demissão!”. “Isto é um conselho para um palhaço e desculpem-me os verdadeiros palhaços de profissão”, explica.
No desfile até à Câmara do Porto, destaca-se um grupo de cinco palhaços. “Somos nós que estamos a ser roubados. Esta manifestação é contra a troika e contra o saque que estão a fazer. Estamos a pagar a tipos que nos estão a roubar. No fundo, nós é que somos uns palhaços”, diz Paulo Gonçalves, de 33 anos. Numa mão empenha um cartaz a dizer “demissão!”. “Isto é um conselho para um palhaço e desculpem-me os verdadeiros palhaços de profissão”, explica.
“O diálogo é fundamental, mas não é isso que está a acontecer. O
Governo atenta ilegalmente contra as pensões de quem contribuiu toda a sua vida
e mantém altas pensões não contributivas. Por isso, nesta altura só temos um
conselho para este Governo: Demitam-se”, exortou Eduarda Neves, presidente da
Assembleia-Geral da Apre!
Já Ricardo Castro, do movimento Que se Lixe a Troika, sublinhou
a importância da manutenção destes protestos e disse terem estado na
manifestação entre 2500 a três mil pessoas. A PSP, com um pequeno dispositivo
no local, avançou outros números. “Estarão aqui pouco mais de mil pessoas”,
disse o Comissário Hugo Rocha ao PÚBLICO.
Dimensão média em Lisboa
Em Lisboa, o protesto também reuniu muito menos pessoas do que outras concentrações contra a política de austeridade do Governo. Bruno Carvalho, do movimento Que se Lixe a Troika, classificou a manifestação como sendo de “dimensão média” e disse: “Não se pode encarar esta manifestação só do ponto de vista nacional, visto que ela se insere num movimento de protesto em vários países da Europa”.
Em Lisboa, o protesto também reuniu muito menos pessoas do que outras concentrações contra a política de austeridade do Governo. Bruno Carvalho, do movimento Que se Lixe a Troika, classificou a manifestação como sendo de “dimensão média” e disse: “Não se pode encarar esta manifestação só do ponto de vista nacional, visto que ela se insere num movimento de protesto em vários países da Europa”.
Quando os manifestantes começaram a concentrar-se em
Entrecampos, várias ruas à volta do local tinham sido cortadas, mas o número de
pessoas surpreendeu a polícia. “Devem ter ido todos para a praia”, comentou um
agente da Brigada de Trânsito da PSP, ao balcão de um café.
O protesto em Lisboa desceu até à Avenida da República, com os
manifestantes empunhando cartões vermelhos, cantando “Grândola Vila Morena” e
gritando "FMI fora daqui"
Ao fim da tarde, concentraram-se frente à sede do FMI. Nesta que
poderia ter sido uma zona problemática, o protesto foi pacífico e os
manifestantes nem se aproximaram das grades colocadas para proteger a entrada
do edifício, onde estava pouco mais de uma dezena de polícias.
À chegada à Alameda, onde o protesto terimou, membros da Apre!
cantaram "Vampiros" e mais atrás ouvia-se, outra vez "Grândola
Vila Morena". No topo da Fonte Luminosa, havia um cartaz no qual se lia:
"Obviamente estão demitidos!".
Um grupo de cidadãos turcos juntou-se ao protesto na Alameda, em
solidariedade com os compatriotas que estão a lutar contra o governo em Istambul.
Ao protesto em Lisboa juntaram-se os coordenadores do Bloco de
Esquerda, João Semedo e Catarina Martins, os ex-dirigentes do partido Francisco
Louçã e Fernando Rosas, e o líder da CGTP, Arménio Carlos. Bruno Carvalho,
do movimento.
=Público=
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