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terça-feira, 4 de junho de 2013

Eleições antecipadas em Portugal podem deixar Merkel "intranquila"

Um retrocesso na aplicação do programa da 'troika' ou eleições antecipadas em Portugal podem gerar "intranquilidade" em Berlim, considera uma especialista em assuntos europeus de um 'think tank' alemão.
Almut Möller, responsável pelo departamento de política europeia do 'think tank' alemão DGAP (Concilio Alemão para as Relações iz Externas), que falou com a Lusa em Berlim, qualquer retrocesso no memorando assinado com a 'troika', como os efeitos que um eventual cenário de eleições antecipadas poderia ter em Portugal, "não seriam uma boa notícia para Berlim".

"Uma zona euro controlada será uma das bandeiras para Angela Merkel nas próximas eleições. Mais uma crise poderá afectar a sua recandidatura" nas legislativas de Setembro, referiu à Lusa a especialista em assuntos europeus da organização que se dedica ao debate das relações externas na Alemanha, numa altura em que o governo português completa dois anos desde que foi eleito.

Questionada sobre como veria o executivo alemão um cenário de eleições antecipadas em Portugal, Almut Möller afirma que isso poderia gerar "alguma intranquilidade em Berlim", caso tivesse efeitos no memorando assinado com a 'troika'.

Segundo a responsável, a generalidade dos alemães não sabe o que se passa em Portugal, nem os efeitos que as medidas de austeridade estão a ter no país.

"Portugal não é tão problemático como, por exemplo, a Grécia. Isto nota-se pois Portugal não está no centro do debate, assim como a Irlanda", disse Almut Möller, salientando que se se fizer um levantamento nas ruas alemãs sobre os países que pediram resgate financeiro "muitas pessoas provavelmente não se lembrarão de Portugal".

Quanto ao governo português, Almut Möller diz que este nutre de uma imagem "de grande competência e responsabilidade" junto do executivo alemão e que Angela Merkel e seus pares procuram sempre dar palavras de incentivo aos seus parceiros europeus, "pois isto também se trata de um jogo psicológico onde o mínimo de incerteza tem um efeito quase que imediato nos mercados".

A especialista em assuntos europeus considera ainda, que as recentes medidas anunciadas por Berlim de apoio as pequenas e medias empresas de Portugal e Espanha, através do banco de fomento alemão KFW, "são uma forma da Alemanha mostrar que esta empenhada nos problemas dos países em dificuldades e que tem confiança no caminho que estes estão a seguir".

Por outro lado, Almut Möller afirma que a Alemanha também aposta nesta cooperação de forma a tirar dividendos, dando como exemplo o aumento de recrutamento de mão-de-obra qualificada, por exemplo de engenheiros, nos países considerados periféricos.

A especialista do DGAP diz ainda que um dos próximos grandes desafios para Europa será o Conselho Europeu de Junho, onde se compreenderá de que forma a Europa, e particularmente a Alemanha, podem conciliar austeridade com crescimento sustentável, numa altura em que o grande debate europeu é a criação de uma economia sustentável e fomento do emprego.

N. M.

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