Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Dois anos: o Governo que ameaça, mas não cai

Executivo treme, mas tem resistido a todas as provações: desde a rua, aos «arrufos internos e ao Constitucional, passando por Belém, é claro
Se Portugal encurtasse o défice ao ritmo das previsões de queda do Governo, a situação do país seria claramente mais favorável. Dois anos depois das legislativas, raros são os dias em que a queda do Executivo não está na página de algum jornal. O Governo já tremeu muito ao longo dos últimos meses, mas ainda não caiu. Estará para durar?

À pergunta não nos atrevemos a responder, correndo o risco de engrossar a lista de quem falha as previsões. Os dois anos de governação começaram a enfrentar a instabilidade depois de algum
 «estado de graça». As falhas na execução orçamental e o reforço de austeridade fizeram soar as campainhas para uma queda governativa que se acreditava que poderia acontecer na discussão do Orçamento do Estado para 2013.

As polémicas com o ministro Miguel Relvas não ajudaram à credibilidade do Executivo que continuou a falhar as metas do memorando. Mas a verdadeira ameaça de eleições acabou por acontecer antes da apresentação do OE 2013, quando Passos Coelho anunciou um aumento da TSU e a
 15 de Setembro milhares de portugueses saíram à rua, numa demonstração de descontentamento como há muito o país não via. 

O Conselho de Estado reuniu, o Governo recuou, e a coligação aguentou, apesar de Paulo Portas ter feito a primeira
 ameaça de rompimento. Foi então que o país percebeu
que muito do futuro do Executivo passaria pelas posições do CDS-PP.

Com apresentação das medidas orçamentais para 2013 e com aquele que foi apelidado do «pior orçamento de sempre» com, nas palavras do ministro, «um enorme aumento de impostos», as previsões de queda sucederam-se a um ritmo alucinante. Muitos acreditavam que o OE não passaria, outros acreditaram que Cavaco Silva iria pedir uma inédita fiscalização preventiva do documento. O OE passou mesmo, o Presidente pediu a fiscalização sucessiva, o Tribunal Constitucional (TC) chumbou, Vítor Gaspar voltou a falhar metas e o Governo, ainda assim, resistiu.

O alívio não durou muito, já que entre greve geral e muitos protestos, Passos voltou a tremer, desta vez depois do chumbo do TC e nas vésperas da sétima avaliação da troika. O cenário de demissão do Governo ou do ministro Vítor Gaspar correu as redações e a dramatização do chumbo do OE só terminou em Belém, com Cavaco Silva a legitimar a continuidade de Passos e Gaspar. Estava, aparentemente, ultrapassada mais uma «crise política». Aparente, porque mais uma vez, Paulo Portas fez abanar os alicerces da coligação ao recusar a aplicação, a partir de 2014, de uma taxa permanente sobre as pensões. O futuro da medida ainda é incerto, tal como o futuro da coligação e por consequência do Governo.
 

Com 2013 a meio, a discussão sobre o próximo OE começa a querer dar sinais de mais uma crise política, mas está ainda longe da primeira linha de atualidade. Antes, o Governo tem ainda o duro teste das autárquicas. Com eleições entre setembro e outubro e a discussão orçamental a bater à porta, desta feita não há quem se aventure em previsões. Até porque, uma certeza o primeiro-ministro já deixou, seja qual for o «pântano» eleitoral, não haverá demissão.
 

«As próximas eleições não vão ser aquilo que tanta gente gostaria que fosse: uma espécie de pântano e de antecâmara do colapso nacional», disse no início de maio, depois de em julho do ano passado ter garantido que se estava a «lixar para as eleições».
 

«Lixar» poderá ser mesmo uma das palavras que podemos associar a esta legislatura já que muitos portugueses não se cansam de andar, há mais ano, a gritar: «Que se lixe a troika». Um destino pantanoso a que o Governo de Passos Coelho tem resistido. Até quando? Arrisca a previsão?

MAIS SOBRE ESTE TEMA

=TVI24=

Sem comentários:

Enviar um comentário