Maria
Madureira é a principal responsável pelo Centro de Língua Portuguesa
Camões na "University of Massachusetts Boston", nos EUA. A professora
de 33 anos fugiu do desemprego e nunca desistiu.
Maria Madureira
garantiu uma comissão de serviço de dois anos, que se pode prolongar até seis
"Deêm-me os cansados, os pobres, as massas ansiosas por respirar livremente", pode-se ler na base da Estátua da Liberdade que, todos os dias, abençoava milhares de emigrantes que chegavam em busca do sonho americano. Um espírito de persistência que a história de Maria Madureira ecoa.
"Deêm-me os cansados, os pobres, as massas ansiosas por respirar livremente", pode-se ler na base da Estátua da Liberdade que, todos os dias, abençoava milhares de emigrantes que chegavam em busca do sonho americano. Um espírito de persistência que a história de Maria Madureira ecoa.
Com 33 anos, a professora dirige, desde janeiro de 2013, o Centro
de Língua Portuguesa Camões na "University of Massachusetts Boston",
nos EUA, após uma primeira candidatura falhada e a luta com a precariedade de
condições em Portugal. A paixão pela literatura e o desejo de ensinar português
no estrangeiro nunca a deixaram desviar-se do seu objetivo.
"Vejo a língua portuguesa como um tecido maleável de
identidades, culturas e pronúncias que devem ser (re)conhecidas e
valorizadas", explica Maria Madureira ao Quero Estudar Melhor.
"Motiva-me a vontade genuína de dar a conhecer à população americana, à comunidade
portuguesa e à comunidade lusófona, um Portugal contemporâneo, seja através da
arte, da arquitetura, da literatura, do pensamento filosófico, da música, do
cinema, seja pela língua nas suas mais diversas vozes".
Licenciada em Português e Inglês pela Universidade do Minho, Maria
teve a sua primeira experiência no estrangeiro como assistente de línguas na
Bretanha, ao abrigo do programa Sócrates-Comenius. O regresso a Portugal foi
marcado pelo 'fantasma' das colocações esporádicas e, finalmente, pelo
desemprego, o que a levaram a enveredar pelas explicações e pela aposta no
mestrado em Português Língua Não Materna, na Universidade do Minho.
Tudo para não ficar de braços cruzados e estar preparada para
agarrar a sua oportunidade quando surgisse: "Julgo que em vez de desistir,
pensei em tornar-me mais conhecedora e academicamente mais preparada, daí ter
investido no mestrado. O enriquecimento profissional e pessoal é marcante e
definitório daquilo que verdadeiramente queremos."
Cereais, cereais e mais cereais
Em 2011, o Camões - Instituto de Cooperação e da Língua lançou um
concurso para professores e leitores de língua e cultura portuguesa para o
estrangeiro. Após o cancelamento nesse primeiro ano, Maria não desistiu e
voltou a concorrer. Prevaleceu e garantiu uma comissão de serviço de dois
anos, que se pode prolongar até seis.
Os sete meses que já leva de trabalho "podem parecer pouco,
mas foram de trabalho intenso". Entre a organização de conferências de
divulgação de literatura em língua portuguesa, lecionar cursos de conversação e
composição e organizar tertúlias e divulgar a produção cultural portuguesa, o
"balanço é positivo".
As diferenças culturais fazem-se sentir e Maria Madureira ilustra
a sua adaptação a uma realidade em tudo diferente, com um exemplo curioso:
"ir ao supermercado pode ser uma verdadeira odisseia quando a prateleira
dos cereais te apresenta dezenas de marcas e nenhuma é a tua. Isto pode parecer
estranho mas demorei algum tempo a acertar nos que gostava", conta
divertida.
Local de algumas das mais prestigiadas instituições de ensino do
mundo, como Harvard ou o MIT, além de muitas outras universidades de
reconhecida qualidade, Boston está no centro da vida académica norte-americana.
Em contacto com muitos estudantes, Maria Madureira entende que
estes se distinguem dos seus congéneres portugueses por terem um "maior
sentido de responsabilização e comprometimento com a sua própria
formação", não se coibindo de afirmar que "quem tiver a oportunidade
de conseguir uma bolsa, mesmo de curta duração, pode aproveitar e valorizar a
sua bagagem de competências e saberes" com uma estada em Boston.
Quem diz que o sonho americano é uma coisa do passado?
T. O.
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