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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

«AS MARGENS IMPROVÁVEIS»

Sei que estão desqualificados tanto a mística como a esquerda – uma certa ‘esquerda’ –, às  quais se prefere o racionalismo dos universitários e a direita dos senhores da selva, sob o regime dos quais vivemos.

Ora, os discursos nada ganham em pretenderem apoiar-se no objectivo, no racional, na verdade, na dedução, quando, disfarçados, permanecem todos fundamentalmente inspirados pelo visceral.

Ultrapassar-se-ia o propósito colocado à política ao fazer a psicanálise dos empenhamentos que decidem, para este e aquele, de se instalar radicalmente na direita ou na esquerda – excluo, evidentemente, os profissionais da renúncia, os renegados que vão de um lado para o outro, segundo os interesses que ora os conduzem aqui, ora acolá, tanto os centristas, essa peste política que acampa a igual distância daqueles a quem se venderá, desde que uns ofereçam mais que os outros.

Aliás, devemos a estes últimos uma das desqualificações mais em voga do termo “esquerda”. Pelo que é preciso ver-se a sua vitalidade aqui mesmo reafirmada – pois se direita e esquerda nada mais significam, se as duas categorias estão ultrapassadas, como o afirmam aqueles cujo espírito, no máximo das suas possibilidades, se encontra no psitacismo, então porque motivos só proferem semelhantes disparates na altura em que o sócio capitalista no poder está em cuidados para encontrar um apoio noutro local, sempre ao centro, quando estão prontos para lho concederem em troca, apenas, da partilha das pastas ministeriais?

A recusa da partilha e da clivagem entre direita e esquerda é um facto dos homens d direita ou daqueles que são motivados unicamente pelo poder em si mesmo.

 Outra desqualificação da esquerda provém dos que dela se reclamam para justificar seja o seu talento pela tirania, seja a sua obsessão maníaca em chegar ao trono cobiçado durante toda uma carreira, não política, mas politiqueira.

Dos primeiros, ditadores num registo feudal antigo e dos segundos, velhacos e hipócritas acabados, não se deve esperar qualquer talento pela mística, mas apenas uma excelência consumada na retórica, na estratégia, na táctica e em todas as artes da guerra assimiladas.

A vontade de circunscrever  uma mística de esquerda supõe um desejo de captar energias, de ler e ver actuar forças e de celebrar penas estas dinâmicas e não, certamente, s individualidades que, durante a História, não deixaram de refrear ou, até mesmo, de destruir esses magníficos potenciais, ao quererem apoderar-se deles para os esculpir.


Também nada se importam com o destino de uma sociedade como a portuguesa, que tem passado momentos de verdadeiro terror político e social devido à hipocrisia que demonstram em todos os seus actos, em todas as suas práticas do quotidiano.               

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