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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

«AOS PARTIDOS DA OPOSIÇÃO E SINDICATOS»

Muito gostaria de os ver trabalhar “seriamente” em favor dos trabalhadores, neste caso funcionários públicos, em vez de os ver usar de todo o oportunismo populista, para ver se ficam bem na fotografia e se conseguem amealhar mais uns votos nas eleições, sejam as autárquicas que se aproximam ou noutras.

Vou tentar dar alguns exemplos, que espero sejam de grande utilidade para que aprendam, de uma vez por todas, a fazerem a oposição que deve ser feita.

Referirme-ei mais aos trabalhadores de saúde e ao SNS, uma vez que foi aí que exerci durante mais de quarenta e seis anos.

Todos tinham horário de entrada, mas nenhum de nós sabia se podia sair à hora estipulada. E, todo aquele que trabalhava conscientemente e ciente dos seus deveres para com os doentes, jamais poderia, com certeza, afirmar que se limitaria a cumprir o seu horário preestabelecido e pelo qual era pago.

Bastava que um doente piorasse e tivesse necessidade de assistência cinco minutos antes do horário de saída, para, e quantas vezes isso aconteceu, infelizmente, para que nos víssemos obrigados a mantermo-nos ao serviço, prestando-lhe toda a assistência e, tentar salvar-lhe a vida que corria grave risco.

Nenhum de nós pensava abandonar o doente. Nenhum de nós o podia fazer e se ficasse mais umas horas no serviço e conseguisse salvar aquele ser humano que tinha a vida por um fio, se dava por feliz.

Quantas vezes, chegado a casa, ligava para o serviço a perguntar qual o seu estado? Alguém acha que deveria meter a conta das chamadas telefónicas? Nem sequer se pensava enviar par os serviços administrativos qualquer papel, explicando tudo quanto se passara na tentativa de receber horas extraordinárias.

Quantas vezes, no SU, minutos antes de sair de serviço dava entrada um doente cujo estado de saúde requeria toda a atenção e nos obrigava a prolongar o horário? É que na saúde, doente entrado durante o horário de qualquer equipa, deveria receber assistência por essa  equipa.

Também nestes casos se não requeria o pagamento das horas extraordinárias, e, por vezes, horas seguidas e no bloco operatório.

Sabem o que não se fazia nesse tempo? Era a acumulação de serviço noutros locais, como clínicas privadas!

E, havia aquele humanismo que tanta falta faz hoje nos serviços de saúde, onde o doente, todo o doente era tratado de igual modo, fosse qual fosse a sua condição social.

Também não havia. No SU ou nas Consultas externas, aqueles enormes tempos de espera, nem, tão-pouco, o tempo de espera para uma intervenção cirúrgica.

Sabem porquê? Porque raramente olhávamos par o relógio, que no meu caso andava sempre no bolso, nem para ver se eram horas de sair, ou se eram horas de me dirigir ao segundo emprego. Não, meus senhores, pois os doentes eram a nossa razão de ser nos serviços hospitalares ou nos Centros de Saúde, consoante o local de trabalho de cada um.

Também é importante dizer que, se um dia tivesse a necessidade, por motivos particulares, de sair meia ou uma hora mais cedo, pedia ao colega que me substituísse mais cedo, pois abandonar os doentes, nunca.

Agora, os senhores decidem lutar contra o governo – do qual não sou adepto, pelo contrário, porque aumenta de 35 para 40 horas semanais o horário de trabalho, cinco horas que não serão remuneradas. Mas, em contrapartida, ficaram muito satisfeitos quando o horário de trabalho baixou de 42 horas par as 40 e depois as 35 horas semanais, sem perda de vencimento.

É preciso ser-se racional. Respeito o princípio pelo respeito de quem trabalha, mas convenhamos que em relação à meia hora a mais por dia, nada tenho a opor, pelo contrário. E se os médicos e os enfermeiros podem acumular serviços noutros locais, clínicas ou hospitais privados, bem que podem dar mais meia hora de serviço em prol dos doentes.

Sobre outros sectores, siga-se o mesmo princípio e acabemos de uma vez por todas com estas guerrilhas sem qualquer nexo. Lute-se contra os cortes nos salários e nas pensões, lute-se contra as agressões aos deficientes, lute-se com a dignidade de que o governo nos pretende privar, mas saiba-se ceder no que se deve.

Saiba dizer-se não!, a toda a indigência que actualmente preside no país!!!






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