Os “swap” têm aquele “efeito roleta” do casino. Mas sem a emoção,
as miúdas giras, os copos e a animação. Algo como um Governo sem Paulo Portas:
previsível, enfadonho
No final deste texto, existem cláusulas
importantes*. Solicito ao(à) leitor(a) que assine, enquanto não as lê. Só pelo
gosto do risco.
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As ditas cláusulas estão em letras
pequenas que sofrem do “síndrome Marques Mendes”: como pode algo tão pequeno
conter tanta informação?
Hoje, somos todos, um bocadinho,
especialistas em economia. E, um bocadinho, especialistas em futebol. Da minha
parte, acrescento política internacional: vejo o Nuno Rogeiro muitas vezes. A
maior parte das vezes, é por causa do penteado, ou dos fatos beges, porque
admiro a coragem de quem se veste assim. Não tenho cabelo mas, se tivesse,
talvez comprasse um daqueles, tipo “Playmobil”. Para além de aprender sobre
penteados, fatos e política internacional, também fico a conhecer música do Sri
Lanka ou da Gronelândia. Cultivem-se, meus amigos. Ou ficarão como um dirigente
desportivo.
Repito: hoje, somos todos, um bocadinho,
especialistas em economia. E sabemos de “swaps”. Até aqui, só conhecia “SWAT”,
que são, nos filmes americanos, aqueles polícias que ficam a meio caminho entre
um ninja (sem as artes marciais) e o Robocop (sem serem robôs); que aparecem
quando é preciso entram em locais onde há muitos bandidos (não estou a falar do
conselho de administração de nenhum banco) e onde o perigo espreita a cada
passo (não estou a falar dos túneis dos estádios de futebol).
Pelo que já pude perceber, um “swap” é um
contrato que, quando se assina, se tem em conta vários cenários e que, caso se
confirme o pior, os danos são devastadores. Tal como com os jogadores de
futebol que assinam contratos milionários para jogar na Micronésia e que,
depois desse momento de euforia, jogam em estádios sem iluminação e água quente
no balneário. E não o podem partilhar no Facebook, porque não há internet. Ou
luz eléctrica. Ou porque foram raptados por uma claque violenta.
Ou porque tudo não passou de um
pesadelo.
Os “swap” também têm aquele “efeito
roleta” do casino. Mas sem a emoção, as miúdas giras, os copos e a animação.
Algo como um Governo sem Paulo Portas: previsível, enfadonho.
Quem assina estes contratos gosta de
brincar ao futuro. São criados cenários, alguns, credíveis, outros,
mirabolantes. No fundo, é uma actividade como o tarot, as previsões com base em
búzios ou em borras de café, ou do programa do Marcelo Rebelo de Sousa. Mas sem
uma pilha de livros, no fim. O único livro que é necessário é o de cheques.
Dizem que um “swap” pode acarretar
importantes ganhos financeiros. Assim por alto, lembro-me de outras coisas que
davam uns trocos valentes: venda de escravos, tráfico de droga, crime
organizado, em geral. Este último tem uma vantagem: com excepção dos filmes em
que entra o Batman ou uma equipa “SWAT”, resulta sempre.
Concluindo, acho que não devemos abandonar
a tradição dos “swap”. O que será da nossa vida, se a incerteza não custar
muito dinheiro? A grande diferença entre os “swaps” e ser português é que, nos
contratos, ainda acreditamos que algo de bom vai acontecer.
*Se o(a) leitor(a)
gostou deste texto, ficamos todos contentes. Se não, ficamos todos tristes. Se
ficamos todos tristes, estamos a dever uns milhões largos a alguém. Só para
avisar. Se o leitor está a ler as cláusulas, antes de ler o texto, então devia
ter vergonha. O bom senso está fora de moda.
João Nogueira Dias é um ninja que não aprecia artes marciais
Excerto
"Pelo que já pude
perceber, um “swap” é um contrato que, quando se assina, se tem em conta vários
cenários e que, caso se confirme o pior, os danos são relevantes. Tal como com
os jogadores de futebol que assinam contratos milionários para jogar na
Micronésia e que, depois desse momento de euforia, jogam em estádios sem
iluminação e água quente no balneário. E não o podem partilhar no Facebook, porque
não há internet. Ou luz eléctrica. Ou porque foram raptados por uma claque
violenta."
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