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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

«A HIPOCRISIA PORTUGUESA»

Antigamente,  morte era um acontecimento relativamente simples: ocorria quanto os batimentos cardíacos e a respiração paravam. Actualmente, algumas pessoas cujo coração e pulmões deixaram de funcionar são reanimadas e mantidas vivas durante dias e até anos.

Nos dias de hoje, quando   morre alguém, a quem uma esmagadora maioria considerava um “sacana, um indesejável, alguém que agia sempre contra os altos interesses da «Nação»”, os mesmos que o criticaram anteriormente, de imediato o passam a considerar como tendo sido alguém de grandes méritos académicos, económico-financeiros, alguém que sempre se distinguiu pela sua sabedoria e pelo seu relacionamento social – que tinha sido péssimo relativamente ao povo – ou seja, fica demonstrado cabalmente que, com a sua morte, passou de besta a bestial.

Morreu António Borges, aquele que fez arrepiar os cabelos, aliás todos os pêlos do corpo de milhões de portugueses, com as suas atitudes e palavras, frases que demonstravam na perfeição o que ele pensava acerca do nobre e martirizado povo português.

Mas ontem, dia em que entregou a alma ao Criador, se algum dia conseguiu ter alma lusitana digna, diversas foram as pessoas que com ele tiveram sérios problemas e que entenderam por bem vir-se  mostrar, fazendo afirmações nada condizentes com o que tempos antes tinham dito sobre ele.

Ora, não fazendo parte desse grupo de hipócritas, tudo o que antes afirmei acerca desse “senhor” o mantenho, descrevendo-o como um bom “sacana”, um indivíduo que não pode merecer e consideração da maioria dos portugueses, que viveu num mundo totalmente alheio ao sofrimento do povo, tratando quem o criticava de estúpido, fazendo afirmações do género: “Seria impensável que essas pessoas passassem no meu primeiro ano de economia!”, pois só ele sabia e possuía a capacidade de compreender e entender o que de melhor podia e devia ser feito pelo país e seu povo mártir.

Um homem, seja ele quem for, que assim pensa e o diz agressivamente, como ele o fez nas televisões, não pode, de modo algum, merecer todos os elogios que lhe foram ontem rasgados e que hoje voltarão a sê-lo, sobretudo pelos que considerou estúpidos.

E, veja-se: esse “prodígio da natureza”, esse “ultra-inteligente”, esse “sábio único”, acabou também ele morto, sem poder, com todas as suas virtudes e todos os seus defeitos, como qualquer outra pessoa, como afinal acabamos todos quando a morte nos bate à porta.

Morte que alguns pretende redimir, redimindo-se de tudo quanto dele disseram em tempos, através de duras críticas, tecendo hoje rasgados elogios a esse bestial tipo que, se tivesse podido, nos teria posto a pão e água com toda a sua inteligência e sabedoria.

Devido a toda essa hipocrisia que sempre existe numa gama social nacional, será de admirar que nos mantenhamos na cepa torta e sem vislumbrar qualquer esperança relativamente ao presente e ao futuro?

Deverá ser cremado por desejo expresso, o que poderá ser uma tranquilidade para alguns, pois dele não restarão que cinzas, depositadas num recipiente.

E, uma vez mais, este povo sofredor sentirá no seu íntimo aquela espécie de “satisfação” e agradecerão a Deus que não castiga com pau nem acha, mas que dá de modo que racha. E, António Borges, rachou definitivamente.


E se, na sua clemência imensa Deus lhe perdoar todos os seus pecados, deveremos curvar-nos diante Dele em respeito pela Sua vontade.

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