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sábado, 31 de agosto de 2013

Guerra na Síria. EUA avançam com "resposta" militar apoiados por Paris mas sem Londres

Kerry apresenta provas de uso de armas químicas por Assad. Jornalista da AP cita grupo rebelde como autor desse ataque
O presidente francês, François Hollande, apressou-se ontem a ocupar o vazio deixado por Londres junto dos Estados Unidos, afirmando que França está pronta a agir, mesmo sem o aliado britânico, na intervenção militar contra a Síria.

Depois de o parlamento britânico ter chumbado a proposta do primeiro-ministro, David Cameron, de participar na intervenção militar contra o regime de Bashar al-Assad, com 285 votos contra e 272 a favor, o secretário de Estado norte-americano divulgava um relatório com provas de que foi o regime o responsável pelo ataque de 21 de Agosto a um subúrbio de Damasco, que fez mais de 1400 mortos, incluindo 426 crianças.

Kerry garantiu que os Estados Unidos respeitam a ONU - que veio dizer que continua a não ser possível confirmar a autoria do ataque químico - mas que tomarão "as suas próprias decisões, com base nos seus prazos".

Segundo o número dois da política norte-americana, as provas recolhidas junto de várias fontes, entre elas médicos e jornalistas, mostram que pelo menos 1429 pessoas morreram nesse ataque.

"Leiam por vocês as provas de milhares de fontes. Isto é o que Assad fez ao seu próprio povo. Sabemos que os rockets vieram apenas de áreas controladas pelo regime e atingiram apenas áreas controladas pela oposição. Os serviços secretos têm alta confiança nas informações", disse, sublinhando que os EUA vão dar uma "resposta" militar ao "ataque com gás sarin" - agente nervoso cuja presença foi "confirmada por testes de laboratório".

O documento de quatro páginas - no qual a administração Obama "avalia com alto grau de confiança" que foi o regime que usou agentes químicos - surgiu horas depois de um jornalista da Associated Press noticiar que terá sido um dos grupos rebeldes, "com ligações à Al-Qaeda", o responsável por este ataque.

"Entrevistas com pessoas em Damasco e Ghouta, um subúrbio da capital síria, onde a agência humanitária Médicos sem Fronteiras diz que pelo menos 355 pessoas morreram a semana passada no que parece ter sido um ataque com um agente neurotóxico, parecem indicar que foram determinados rebeldes que receberam armas químicas do chefe dos serviços secretos sauditas, o príncipe Bandar bin Sultan, os responsáveis por esse ataque com gás."

A notícia de Dale Gavlak não foi publicada na agência noticiosa para a qual trabalha, levantando questões sobre a veracidade das informações.

Ao cair da noite em Lisboa, a "Foreign Policy" avançava que a administração norte-americana tinha conhecimento "três dias antes" do ataque que o regime sírio estava a prepará-lo.

A autoria desta ofensiva química continua a ser o grande ponto de interrogação na questão síria nos últimos dias. Vários analistas questionam o timing do ataque químico pelo regime numa altura em que Assad aparenta ter o controlo da maior parte do país na luta contra os rebeldes, que há mais de dois anos tentam derrubar o regime.

Além disso, a recente guerra do Iraque, com os custos humanos e financeiros que acarretou nos últimos 12 anos, continua a ensombrar os políticos ocidentais. Esse foi um dos argumentos apresentados pelos deputados britânicos que votaram contra a proposta de Cameron de apoiar uma intervenção militar dos EUA na Síria.

"Sabemos que depois de uma década de conflito, o povo americano está farto de guerra. Mas [a acção militar contra a Síria] não terá qualquer semelhança com o Afeganistão, o Iraque, nem sequer com a Líbia", disse Kerry no discurso. Obama veio de seguida garantir que ainda não tomou uma decisão, mas que está a ponderar uma "acção cirúrgica limitada" e "sem tropas no terreno".

=Jornal i=

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