O sono já foi definido como “a morte da vida
em cada dia” (William Shakespeare) ou como “estupefacção irresistível”. No
entanto, os cientistas descobriram que, pelo contrário, o cérebro fervilha de
actividade durante o sono.
Esta noção actual começou a surgir nas
décadas de 20 e 30 do século passado quando se utilizou o EEG
(Electroencefalograma) no estudo das ondas cerebrais emitidas durante o sono.
No início da década de 50, o pioneiro do
estudo do sono Nathaniel Kleirman e o seu assistente, Eugene Aserinsky, fizeram
uma descoberta que destruiu de uma vez por todas a ideia de que o sono é um
período em que o cérebro “descansa.”
Monitorizando um EOG (electroculograma), que
revela os movimentos dos olhos quando as pálpebras estão fechadas, eles
verificaram que em determinada altura do sono os olhos começam a mover-se de um
lado para outro.
Embora continuemos a dormir e os olhos se
mantenham fechados, os globos oculares movimentam-se como se estivessem a ver
um animado espactáculo de circo.
Além disso, durante esses períodos de
movimento frenético dos olhos, o EEG regista intensa actividade cerebral. Mas
outra coisa notável ocorre durante esta fase do sono: a maioria da actividade
muscular cessa, o que é confirmado no electromiograma (EMG), que regista os
impulsos eléctricos dos músculos.
Foi assim que lhe atribuiram dois nomes: um
deles é o sono REM (rapid eye movement, ou “movimento rápido dos olhos”); o
outro é sono paradoxal, porque parecemos encontrar-nos em sono profundo, mas o
nosso cérebro, na realidade, trabalha freneticamente.
As pessoas que são acordadas durante o sono
REM revelam invariavelmente que estavam a sonhar. Esta é a fase em que se dá a
maioria – embora não a totalidade – dos sonhos.
Para a maioria das pessoas, o objectivo de
uma noite bem dormida é acordarmos frescos e prontos para um novo dia. O bom
senso e a experiência dizem-nos que precisamos de dormir para funcionar bem.
O porquê disto, exactamente, continua um
pouco misterioso, embora os cientistas estejam na pista de dados fascinantes
sobre os poderes restauradores do sono.
Porquê, então, dormem mais os mais velhos?
Durante o dia, por exemplo, há certas
hormonas que se esgotam. Enquanto dormimos.
Novas hormonas são segregadas pelo sistema endócrino – entre elas, a somatotropina,
substância que promove o crescimento e é segregada pela hipófise durante o
nsono NREM, ou NÃO-REM.
Os investigadores avançam a teoria de que o
sono pode ser um período em que o crescimento de certos tipos de células se
acelera e o organismo se liberta dos subprodutos nocivos acumulados durante as
horas de vigília.
Em certos aspectos, o sono parece aumentar a
nossa capacidade de recordar. Mas como o cérebro não pode absorver informações
novas enquanto dormimos, a aprendizagem durante o sono não faz sentido.
O processo de adormecimento é complicado e
extremamente activo. Além disso, não se processa de forma gradual, mas
bruscamente, no sentido de que em dado momento estamos tecnicamente acordados
(embora sonolentos) e no seguinte completamente a dormir.
Investigações em curso sugerem que o tronco
cerebral controla o início e a duração do sono, enaquanto estruturas do sistema
límbico regulam os ciclos e as fases do sono.
Verificou-se que certas substâncias do
organismo, nomeadamente os péptidos, são somníferos naturais. Sabe-se também
que estes compostos, que contêm aminoácidos, apoiam o sistema imunológico,
aumentando a produção de anticorpos.
Assim, a investigação moderna confirma um
conhecimento antigo da ciência médica: o sono ajuda a combater as doenças e as
infecções.
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