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domingo, 22 de setembro de 2013

«A POUCO PÃO E A POUCA ÁGUA»

Houve uma época da vida no passado recente, em que uma esmagadora maioria dos portugueses sobrevivia, praticamente, a pão e água, sobretudo as crianças e os trabalhadores rurais, entre os muitos outros.

As crianças levavam para a escola, quando esta começou a ser obrigatória até à 4ª classe, um naco de boroa com uma sardinha em cima. Levavam também, uns poucos, uma garrafa de vinho, com o qual faziam descer o belo manjar.

Do lauto almoço, variava apenas da sardinha para um carapau ou uma cavala. Havia, então, uma taxa de alcoolismo infantil bastante forte, porque os professores decidiram proibir o vinho na ementa.

Alguns, bastantes, foram criticados, agredidos pelos pais, queixas foram apresentadas quer nas Direcções Escolares quer na GNR, já que por essas aldeias fora o vinho era o sangue de Cristo e a boroa o sustento.

Tornava-se necessária a ajuda dos padres das freguesias, que ofereciam a sua ajuda aos professores, desde que frequentassem a igreja, como forma de exemplo para o povo.

Aliás, nas aldeias havia três figuras predominantes: o professor, o padre e o presidente da junta, embora os mais abastados formassem uma elite sempre ouvida em determinadas reuniões permitidas e consideradas úteis para dominar melhor a população ignorante e embrutecida pelo uso do alcool desde crianças.

As coisas passavam-se deste modo, enquanto o cardeal Cerejeira proferia elogios ao vinho, afirmando que dava de comer a milhão e meio de portugueses.

Mas hoje, senhoras e senhores, as coisas são diferentes, embora de certo modo iguais, no sentido de que muitas crianças passarem fome e levarem-na consigo para a escola, tendo sido inventados uns refeitórios onde é fornecida uma refeição e uma merenda às crianças de menores recursos.

No entanto, muitas delas calam-se; sentem vergonha de dizer que sentem fome, que a vivem diariamente e que, por tal motivo, passam o dia sem o naco de boroa e sem a sardinha, que hoje é coisa para ricos.

O actual governo conseguiu, em apenas dois anos, fazer regressar Portugal a um passado degradante e miserável devido aos cortes feitos nos salários, nas pensões ou subsídios, acusando sempre as razões de tal situação ao anterior governo, que nem teve nada a ver com o fim das pescas e o abate dos barcos, com a transformação das searas alentejanas em campos de golfe e o terrível desemprego que assola o povo português.

E quando as oposições falam, são criticadas de imediato pelos “vozeadores” que apoiam o governo e seus actos, por mais “criminosos” que sejam.

Acabamos de adoptar dois gatos traumatizados, que recebem melhor tratamento que muitas crianças deste país e que, com as suas carícias acabaram por ser eles a adoptarem-nos.

Mas não se limita, toda a austeridade pelo senhor Pedro e seus seguidores, a lesar gravemente as crianças, pois também os velhos, que trabalharam toda uma vida e tudo deram pelo desenvolvimento de Portugal, colaborando para o enriquecimento dos eternos “queridos capitalistas” que são, contra-natura, quem mais ordena.

Espero que no futuro não longínquo, aliás todos esperamos e sabemos que surgirá uma geração, se não apareceu já, que se veja obrigada a viver como se vivia então, permitindo apenas um naco de boroa, um quarto de sêmea para cada um e um pouco de água da corrente doméstica, mas também muitas doenças que começam a surgir e se pensava definitivamente banidas.


A culpa caberá exclusivamente ao actual governo e presidente da República que preferem olhar para o ar a assobiar baixinho..!

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