Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

«A ESFERA DA CONSCIÊNCIA DOS POLÍTICOS»

Quando tomamos conhecimento de algo que nos prejudica, que nos marginaliza e que faz com que nos sintamos minimizados, respiramos demasiado depressa para sermos capazes de captar as coisas em si próprias ou de denunciar a sua fragilidade. O nosso ofegar postula-as e deforma-as, cria-as e desfigura-as, e amarra-nos a elas.

Agito-me e portanto emito um mundo tão suspeito como a minha especulação, que o justifica, adopto o movimento que me transforma em gerador de ser, em artesão de ficções, ao mesmo tempo que a minha veia cosmogónica me faz esquecer que, arrastado pelo turbilhão dos actos, não passo de um acólito do tempo, de um agente de universos caducos.

Empanturrados de sensações e do seu corolário, o devir, somos seres não libertos, por inclinação e por princípio, condenados de eleição, presas da febre do visível, pesquisadores desses enigmas de superfície que estão à altura do nosso desânimo e da nossa trepidação.

Revolto-me e revoltam-se as minhas entranhas quando vejo tantas injustiças sobre o povo, de que faço parte integrande, é tratado como uma certa espécie animal que, deve obedecer àquela espécie também animal, de que fazem parte os políticos, que usufruem de direitos e regalias especiais.

O povo, crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos vivem na miséria? Azar o deles Não foram eles quem elegeu os políticos para que os massacrassem com miséria e fome? Não foram eles quem entregou o ouro aos bandidos que, não satisfeitos com ele, espezinham esse povo mártir e escravizado?

Estimados concidadãos: se queremos recuperar a nossa liberdade, devemos pousar o fardo da sensação, deixar de reagir ao mundo através dos sentidos, romper os nossos laços. Ora, toda a sensação é um laço, tanto o prazer como a dor, tanto a alegria como a tristeza. Só se liberta o espírito que, puro de toda a convivência com seres ou com objectos, se aplica à sua vacuidade.

Resistir à sua felicidade é coisa que a maioria consegue; a infelicidade, no entanto, é muito mais insidiosa. Já a provaram? Jamais se sentirão saciados, procura-la-ão com avidez e de preferência nos lugares onde ela não se encontra, mas projectá-la-ão neles, porque, sem ela, tudo parecerá inútil e baço.

Onde quer que a infelicidade se encontre,  expulsa o mistério ou torna-o luminoso. Sabor a chave das coisas, acidente e obsessão, capricho e necessidade, far-nos-á amar a aparência no que tem de mais poderoso, de mais duradouro e de mais verdadeiro, e amarrar-nos-á para sempre porque, “intensa” por natureza é, como toda a “intensidade”, servidão, sujeição.

A alma indiferente e nula, a alma desentravada – como chegar até ela? E como conquistar a ausência? Tal liberdade jamais figurará entre os nossos costumes, tal como neles não figurará o sonho do espírito infinito.


Todos os políticos, todos eles sem excepção, pactuam com a miséria do povo e com uma vida – deles – própria de quem se crê senhor da Nação!...

Sem comentários:

Enviar um comentário